São quase 32 anos dedicados à defesa de quem vive com infeção por VIH, hepatite B ou C, tuberculose ou outras infeções sexualmente transmissíveis. Ao longo das últimas três décadas, a AJPAS – Associação de Intervenção Comunitária, Desenvolvimento Social e de Saúde tem trabalhado junto das comunidades da Amadora e de Sintra na prevenção e no rastreio destas infeções. “Na altura, surgiu uma capa no Diário Popular que associava a SIDA à doença nos bairros pobres da Amadora. Na capa, estava uma senhora negra”, recorda Vitalina Silva.
O Expresso associa-se, uma vez mais, como media partner ao Programa Gilead Génese, que celebra a sua 10ª edição de apoio à investigação e a projetos comunitários na área da saúde. Ao longo de dez semanas, revisitamos dez antigos vencedores destas bolsas de financiamento. Desta vez, vamos até à AJPAS para conversar com a presidente, Vitalina Silva, sobre a importância da intervenção comunitária em questões que cruzam saúde e inclusão social.
“Aquele foi o período conturbado da descoberta do VIH/SIDA, era vista como uma doença fatal”, continua. De lá para cá, muito mudou. Não só a ciência deu passos na direção de um tratamento que permite manter qualidade de vida, como o estigma se foi diluindo ao ritmo da passagem do tempo. Porém, a missão está longe de estar concluída.
"Quem tinha SIDA era deixado à sua sorte pelos próprios familiares. Ninguém sabia como lidar com a doença e as pessoas precisavam de apoio"
“Sabemos que as pessoas sem alimentação não conseguem aguentar os medicamentos. Se não dermos o pequeno-almoço, o almoço ou algo para jantarem, não podem fazer o tratamento”, explica Vitalina Silva, que esclarece que a AJPAS tem procurado intervir também neste campo. Através de donativos de instituições privadas ou de solidariedade social, como o Banco Alimentar Contra a Fome, a associação complementa a sua oferta de saúde e prevenção com a atribuição de cabazes alimentares. Atualmente, presta apoio a 856 pessoas.
Através da unidade móvel, a AJPAS percorre, diariamente, os concelhos da Amadora e Sintra para promover o rastreio ao VIH, hepatites, IST e tuberculose, uma proximidade que é crucial para o sucesso da missão a que se propôs no início dos anos 90.
Esta atividade, contudo, só é possível graças ao financiamento público e ao importante complemento com origem em privados e bolsas de financiamento como as atribuídas no Programa Gilead Génese, que a AJPAS venceu já por três vezes entre 2013 e 2015.
“Precisamos destes apoios para conseguirmos levar a nossa missão até ao fim”, sublinha a presidente. Desde a pandemia, Vitalina Silva nota um aumento no número de infeções por VIH, que atribui ao confinamento e a algum relaxamento nos cuidados de prevenção.
Um dos novos projetos da AJPAS tem como foco a mutilação genital feminina, que quer evitar com o lançamento de um portal na internet com informação de sensibilização sobre o tema. “É muito importante apostar na informação junto das pessoas”, remata Vitalina Silva.
Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa.