Refletir sobre o caminho para o desenvolvimento regional e nacional, em particular nas áreas da tecnologia, da saúde e do espaço, é o desafio lançado pela segunda edição do Coimbra Invest Summit, que decorre até sexta-feira no Convento de São Francisco. “Coimbra está na via do desenvolvimento sustentável e sustentado. Temos tudo para sermos um dos concelhos mais dinâmicos do país”, afirmou, esta manhã, José Manuel Silva.
O autarca e anfitrião desta conferência dedicada ao empreendedorismo vê o certame como uma oportunidade para fortalecer a ligação entre os diferentes atores da inovação no concelho, como a Universidade de Coimbra, o Politécnico de Coimbra, o Instituto Pedro Nunes (IPN) ou o iParque, e as empresas. Depois de, em 2023, a cidade ter conquistado investimentos da IBM, que ali prometeu inaugurar um centro de inovação, a expectativa é conseguir captar novos projetos que dinamizem o tecido económico local.
No evento, que contou com mais de 700 inscrições, estão presentes três dezenas de startups que se querem mostrar ao mundo e ganhar uma oportunidade de crescimento. Ao longo deste segundo dia, o foco da programação alternou entre o ecossistema tecnológico e o potencial de crescimento do cluster espaço na região, uma área que o município considera promissora e que tem no IPN uma representação crescente.
Conheça abaixo as principais conclusões do segundo dia do Coimbra Invest Summit, que retoma os trabalhos esta sexta-feira, dia 11, com foco na saúde. Consulte a lista completa de participantes AQUI.
Fortalecer a competitividade da região Centro
- Coimbra tem, garantem os principais oradores da conferência, todos os ingredientes de que precisa para reforçar a sua capacidade de atração de investimento, nacional e estrangeiro. “Temos um ecossistema local de apoio ao empreendedorismo e à inovação”, lembra Luís Neves, da Universidade de Coimbra, que não tem dúvidas sobre a importância que o talento formado todos os anos na cidade tem para captar novos projetos.
- Aos cerca de 8500 estudantes diplomados anualmente junta-se a infraestrutura, nomeadamente no que respeita aos acessos rodoviários e ferroviários a partir de Lisboa e Porto. Jorge Portugal, diretor-geral da Cotec, assinala que é preciso assegurar “uma relação entre os ativos territoriais, as políticas públicas e a criação de uma economia de inovação” para que o município se destaque perante investidores de todo o mundo.
- “A questão da colaboração é importante. Um dos grandes problemas em Portugal é a cooperação entre grandes e pequenas empresas”, reitera o líder da associação empresarial dedicada à inovação. Paulo Marques, cofundador do unicórnio português Feedzai, concorda e acrescenta que é preciso “melhorar todo o ecossistema de inovação” para que possam surgir empresas cada vez maiores. “O meu mais profundo desejo é que surjam mais 100 Feedzai”, diz.
- Em linha com os restantes participantes, Philomène Dias, diretora de angariação da AICEP, acredita que “o talento é o principal determinante” para a atração de investimento estrangeiro no território, que é cada vez mais procurado por empresas internacionais. “Portugal está no radar, temos é de juntar os pontos para entregar e concretizar esse investimento”, afiança.
- Do ponto de vista do financiamento a novas ideias, produtos e serviços, os empreendedores têm à disposição um conjunto de instrumentos que apoiam o crescimento dos negócios. No evento, o Banco Europeu de Investimento e o Banco Português de Fomento sublinharam a disponibilidade das instituições em manter, e reforçar, as linhas de crédito e garantias que, através dos bancos comerciais, podem ser acedidas pelos empresários.
Portugal é “uma nação espacial emergente”
- Ana Pires, investigadora do INESCTEC e astronauta análoga, esteve no Coimbra Invest Summit para partilhar a sua experiência no estudo do espaço a partir da Terra e garante que “somos uma nação espacial emergente e com muito potencial” neste sector. Desde logo, diz, porque o país tem cada vez mais talento especializado em temas como engenharia aeroespacial, mas também porque existem competências na área da robótica que podem ser muito úteis ao desenvolvimento de tecnologia para usar fora deste planeta.
- A especialista foi uma de duas líderes femininas da primeira missão análoga em Portugal, que decorreu na ilha Terceira, nos Açores, em 2022. A missão Camões, como foi batizada, desceu a um tubo de lava (a Gruta do Natal) para replicar, durante sete dias, o ambiente lunar. Até ao final do ano, vai estrear um documentário sobre a experiência vivida no arquipélago português. “Não há limites para o que vocês, jovens, conseguem fazer. Vamos todos fazer engenharia no universo”, incentivou Ana Pires.
- “Temos um espaço dedicado a apoiar as empresas nesta área do espaço, o que é uma oportunidade”, quis ainda assinalar Jorge Pimenta, do IPN, lembrando o projeto de apoio a startups desenvolvido em parceria com a Agência Espacial Europeia.
- Há muitas oportunidades para as empresas do sector, garantiram Inês Plácido (Agência Espacial Europeia) e Ricardo Conde (Agência Espacial Portuguesa), mas Portugal precisa de definir um rumo. “Temos de começar a pensar na diversificação. O espaço não é só astronautas e satélites, é um conjunto de coisas, de inovação. Temos de pensar em que dimensões é que Portugal pode crescer”, afirmou Ricardo Conde.
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