A incorporação de novas funcionalidades nos transformadores inteligentes de multi-micro redes de eletricidade foi o tema do trabalho vencedor do Prémio REN 2023 para a melhor tese de doutoramento na área da energia.

“Com base em lacunas identificadas na literatura, são propostas e demonstradas funcionalidades de controlo avançadas para suporte de potência–frequência, sobrevivência a cavas de tensão e reconfiguração de redes de distribuição no seio de multi-micro redes híbridas”, pode ler-se na sinopse da dissertação elaborada por Justino Rodrigues.

O objetivo, pode ainda ler-se no mesmo documento, é melhorar a resposta dessas mesmas redes face a um previsível aumento da distribuição de eletricidade fruto da transição energética em curso e da consequente eletrificação da sociedade.

Entregue esta tarde num evento no hotel Ritz, em Lisboa, o Prémio REN - que vai já na sua 28º edição e a que o Expresso se associa novamente como media partner - distinguiu ainda as cinco melhores teses de mestrado realizadas este ano com três prémios e duas menções honrosas.

O primeiro lugar foi para Nuno Mendes, aluno da Universidade de Coimbra, que fez um trabalho sobre a aplicação de “um sistema de Federated Learning (FL)” nas comunidades de energia, o que permitiria ter “sistemas de previsão” e “aproveitar os dados privados associados a cada edifício” para “melhorar a capacidade de aprendizagem”, pode ler-se na sinopse.

Além do Prémio REN 2023, foram ainda entregues esta tarde os prémios que a REN, o Centro Ciência LP e a Fundação para a Ciência e Tecnologia criaram há dois anos com o objetivo de distinguir jovens estudantes e investigadores de países africanos de língua portuguesa que tenham realizado trabalhos nas áreas da energia e da transição energética.

Apesar de abordarem temas distintos, todos os trabalhos realizados estão alinhados com as preocupações e desafios lançados pelo processo de transição energética que está em curso no mundo. Aliás, de acordo com o presidente do júri, o professor João Peças Lopes, as teses vencedoras mostram “uma excelente capacidade de resposta a estes desafios” e também que Portugal tem “talento disponível”, como mencionou o CEO da REN, Rodrigo Costa.

O gestor aproveitou a ocasião para fazer algumas considerações sobre a investigação do Ministério Público (MP) que motivou a demissão do primeiro-ministro, António Costa. “Sim, tivemos buscas, colaborámos prontamente e nenhuma pessoa que trabalha na REN foi constituída arguida, felizmente”, começou por dizer, esclarecendo depois que apesar de a REN ter uma concessão de gás e eletricidade, tem também uma empresa de serviços de telecomunicações que tem clientes e com os quais tem conversas telefónicas. “Se essas pessoas estiverem a ser escutadas, nós aparecemos”, justificou.