As metas para a transição energética estão definidas, existe financiamento disponível e há conhecimento técnico adequado em Portugal. É preciso desenhar estratégias e implementar medidas que permitam acelerar este processo em que empresas, consumidores e Estado são convocados a participar. “Sentimos imenso interesse [nas questões da transição energética]. Pessoalmente, tenho a sensação de que isto está a acontecer em Portugal a um ritmo que nunca tinha acontecido”, reconhece Sofia Simões, investigadora no LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia.
O organismo público tem como missão “colocar disponível informação técnica, científica e robusta que apoie a decisão”, quer do Estado quer dos privados, sobre investimentos neste sector. Um exemplo do trabalho desenvolvido pelo LNEG passa pela identificação das áreas geográficas onde é possível simplificar o processo de licenciamento para a instalação de parques eólicos ou centrais solares, no seguimento da nova Diretiva de Renováveis da União Europeia. No último relatório publicado, a instituição indicou que apenas 3% do território cumpre os requisitos.
49%
é a meta definida para a percentagem de energia com origem em fontes renováveis no consumo final bruto, a atingir até 2030 em Portugal
Existem, contudo, desafios a endereçar para que a transição se cumpra. Um deles passa, aponta a investigadora, pelo reforço das equipas em laboratórios como o LNEG. “Temos um interesse para fazer esta transição a uma rapidez que não é compatível com a estrutura do Estado e dos laboratórios, que é a mesma de há 10 ou 20 anos e até com menos pessoas”, diz. Em simultâneo, é também importante que a banca – responsável pela aprovação de financiamento a projetos desta natureza – aposte na requalificação dos seus quadros para conseguir corresponder à procura crescente de iniciativas nesta área.
“Temos de ter uma resposta [na transição energética] quase como tivemos na pandemia. Temos de ativar meios excecionais e não podemos fazê-lo assumindo que as estruturas e as pessoas que temos conseguem dar a resposta acelerada que precisamos”, considera Sofia Simões
Para o presidente da Associação Portuguesa de Energia (APE), João Torres, “Portugal tem de apostar nos seus recursos endógenos” não só para conseguir atingir as metas a que se propôs, como também para “reduzir a sua dependência externa”. “E aí surge o hidrogénio como sendo uma peça fundamental deste processo”, considera o responsável.
O tema do hidrogénio verde será, certamente, um dos temas em análise no evento organizado na próxima quinta-feira, 12, pela APE e ao qual o Expresso se associou como media partner. A conferência contará com a presença de Angela Wilkinson, CEO do World Energy Council, que numa intervenção de 30 minutos irá partilhar a perspetiva do organismo internacional sobre os desafios da transição energética.
Consulte abaixo os detalhes da conferência.
Portugal Energy Conference
O que é
A Associação Portuguesa de Energia organiza uma nova edição da Portugal Energy Conference, uma iniciativa que junta especialistas do sector para debater os desafios e as oportunidades da transição energética. O objetivo é encontrar respostas para o futuro, nomeadamente com o apoio das conclusões do estudo “Transição Energética em Portugal 2023”. Haverá ainda tempo para refletir sobre o papel das empresas e da administração pública no caminho rumo à neutralidade carbónica.
Quando, onde e a que horas?
Quinta-feira, 12 de outubro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a partir das 9h.
Quem são os oradores em destaque?
O programa completo pode ser consultado no site oficial.
- João Torres, presidente da Associação Portuguesa de Energia;
- Ana Fontoura Gouveia, secretária de Estado da Energia e Clima;
- Nuno Pignatelli, vice-presidente da Accenture Portugal;
- Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP;
- José Costa Pereira, COO da Veolia;
- Sílvia Barata, CEO da BP Portugal;
- Gabriel Sousa, CEO da Floene;
- Maria José Clara, presidente da Portgás;
- Maria da Graça Carvalho, eurodeputada no Parlamento Europeu;
- António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar.
Porque é que este evento é importante?
Portugal definiu como objetivo chegar a 2030 com pelo menos 49% de energia com origem em fontes renováveis no consumo final bruto, a par de uma redução de 35% no consumo de energia primária. Para lá chegar, porém, será preciso investir no aumento da capacidade de produção energética, mas também alterar comportamentos dos consumidores e das empresas. É neste contexto que acontece mais uma edição da Portugal Energy Conference, que procurará traçar caminhos e estratégias para atingir as metas.
[notícia atualizada às 16h de 10 de outubro com mais informação]