Três dias de debate, de partilha e de ‘call to action’ encheram a Altice Arena, em Lisboa, para a segunda edição da conferência Digital with Purpose 2023 (DWP), promovida pelo GeSI (Global enabling Sustainable Iniciative), e à qual o Expresso se associou como media partner. O balanço, assume Luís Neves, “foi muito positivo e terminamos com uma sensação de dever cumprido”. O presidente do GeSI manifestou a sua satisfação durante a cerimónia de encerramento, onde aproveitou para revelar em primeira mão que a edição do próximo ano terá novo palco. O DWP 2024 será acolhido pela cidade de Cascais, município parceiro do evento desde a primeira edição.
Materializar os debates e as palavras em ações concretas foi o mote deste evento, partilhado por Luís Neves desde a primeira hora. “Saímos daqui com uma agenda concreta”, afirmou. Um manifesto de soluções, divido pelos três pilares centrais desta conferência: educação, biodiversidade e cidades inteligentes. A meta será, agora, a concretização destas ações, com o compromisso de apresentar resultados efetivos em outubro do próximo ano.
Sem revelar muito sobre os projetos a desenvolver, o presidente o GeSI prometeu “uma revolução na educação através do digital”, que contará com o empenho de um conjunto de entidades privadas, projetos de apoio à floresta da Amazónia no cumprimento dos objetivos da biodiversidade, e criação das bases para o desenvolvimento de cidades “boas para morar”. “Temos que ter cidades com qualidade porque sabemos que 70% da população mundial viverá em cidades em 2050”, aponta.
Proteção das áreas florestais dá prémio
A fechar o DWP 2023, foi anunciado o prémio ‘Digital with Purpose Global Award’, resultado de uma competição promovida pela Startup Portugal, que tem como objetivo destacar e promover soluções digitais que respondam às necessidades humanas, diminuam a pobreza, aumentem a inclusão e protejam a natureza. O vencedor desta edição foi o projeto Analytics4Vegetation, da empresa E-Redes, uma solução desenvolvida para garantir a segurança da infraestrutura elétrica, que identifica as intervenções necessárias com maior precisão, reduzindo o risco de contacto entre a rede e a vegetação circundante, e mantendo a integridade das áreas florestais.
Para participar, as empresas deviam apresentar uma solução digital que contribuísse para pelo menos um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estivesse implantada no mercado, e fornecesse uma solução específica e eficiente em termos de recursos e de custos.
O último dia desta conferência voltou a receber um conjunto de oradores nacionais e internacionais para debater temas como a importância da biodiversidade cultural, a transformação energética do sector da saúde, ou os desafios da educação e da promoção da aprendizagem ao longo da vida. Mobilizar as comunidades para a ação climática rumo a um mundo sem emissões, e as parcerias para o desenvolvimento digital sem deixar nenhum país para trás, completaram a agenda. A fechar, o resumo dos debates dos três dias, para os três temas centrais, motivou uma partilha de mensagens-chave e das respetivas ações a desenvolver. Acelerar, escalar e concretizar foram as palavras de ordem.
Outras conclusões
- A biodiversidade é, mais do que uma forma de conservação da natureza, um modelo de desenvolvimento económico, social e cultural que combina a necessidade de conservar e preservar a biodiversidade, com a vida humana.
- Pegada ambiental da saúde é o dobro da pegada da aviação, desperdício alimentar nos hospitais é demasiado elevado, e consumo energético do sector representa 9% de toda a energia produzida nos Estados Unidos. É preciso mudar este cenário.
- Reduzir as desigualdades é possível com a ajuda da tecnologia, mas é preciso aumentar a ambição e encetar ações concretas.
- Na educação, governos apresentam planos que não se traduzem em ações. Sector privado tem papel mobilizador. Projetos educativos inovadores fazem a diferença e devem contribuir para incentivar a mudança no modelo de ensino.
- 78% dos alunos portugueses usam a tecnologia fora da escola, mas apenas 7% utilizam o digital para aprendizagem na sala de aula.