Projetos Expresso

“Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são uma lista de desejos”

Para atingir estas metas tem que existir colaboração estreita entre todas as ‘peças’ da sociedade global. Inclusão digital é ponto de partida para concretização dos compromissos assumidos pelos membros das Nações Unidas

Os indígenas da Amazónia estiveram representados no Digital with Purpose Global Summit pelo cacique Dada Borari. Gerir e monitorizar a floresta tropical ajuda a reduzir o desmatamento
Nuno Fox

Fátima Ferrão

A Altice Arena recebe, a partir de hoje e até à próxima sexta-feira, 29, a segunda edição do Digital With Purpose Global Summit 2023 para três dias de partilha de experiências, ideias, projetos e boas práticas sobre o impacto e o papel do digital e das tecnologias na concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Educação, Biodiversidade e Smart Cities são os temas centrais do evento, organizado pelo GeSI (Global enabling Sustainable Iniciative), a que o Expresso se associou como media partner. Ao todo passarão pelos dois palcos mais de 300 oradores, provenientes de todo o mundo.

No arranque do primeiro dia de conferência estiveram em destaque os três pilares temáticos escolhidos para esta edição, em jeito de enquadramento, e com o objetivo de lançar ideias para os debates que acontecerão ao longo dos três dias de partilha.

Marcelo Rebelo de Sousa abriu o encontro, através de uma mensagem gravada, congratulando-se pela importância que Portugal e Lisboa assumem ao acolher este tipo de eventos, e defendendo igualmente a importância do tema e das ações subsequentes à partilha que se espera entre os milhares de participantes aguardados.

O Secretário de Estado da Internacionalização, Bernardo Ivo Cruz, deu também as boas-vindas aos participantes e destacou a importância do caminho da sustentabilidade, bem como os desafios associados, para garantir um mundo com futuro.

A fechar a sessão de abertura, Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, cidade que se associou à organização, lembrou que 2023 é o ano da democratização da inteligência artificial (IA), uma das tecnologias com maior potencial de sempre, mas também uma das que coloca mais desafios à humanidade. “Abre possibilidades como nunca antes vimos, mas também desafios e exigências”.

Tecnologia não pode deixar ninguém para trás

Menos palavras e mais ação é o que Luís Neves espera que sai desta conferência. “Se somássemos todas as ações prometidas pelas empresas, o mundo já estaria salvo”, aponta. Para o presidente do GeSI, o ponto de partida para a mudança são as pessoas, pelo que a inclusão digital é fundamental para que todos avancem em conjunto, e que para que a inovação seja real.

E a provar que a inovação depende muito da vontade, o cacique Dada Borari, representante dos Boraris, indígenas da Amazónia, no Brasil, partilhou com a plateia a importância da tecnologia para monitorizar e proteger a floresta tropical, um dos pulmões do mundo. O cacique admite que a tecnologia usada por aquela tribo contribui para diminuir o desmatamento e a invasão local, e que a educação para a sua utilização é essencial para a gestão e proteção das florestas. Com o apoio de uma ONG holandesa, os Borari contam com câmaras com GPS, com as quais patrulham o território.

Os trabalhos da manhã continuaram com um debate sobre a importância e o impacto da educação, biodiversidade e das cidades pensadas para as pessoas no caminho da sustentabilidade. Já a tarde foi recheada de sessões temáticas que abordaram cada um destes temas-chave sob diferentes perspetivas, nomeadamente política e governamental.

Outras conclusões:

Educação

  • Metade dos trabalhadores atuais precisam de atualizar as suas competências, mas sistema de ensino não dá resposta adequada
  • É preciso focar nas competências humanas e criativas para dar resposta às necessidades do mercado
  • Modelo de ensino está ultrapassado e deve ensinar a aprender e pensar novos modelos pedagógicos
  • IA generativa pode ajudar a definir novo papel para os educadores e para desenhar novas experiências de aprendizagem
  • Educação é central para resolver os problemas globais. “OSD são lista de desejos que, na verdade, são compromissos que exigem trocas”, diz Pedro Santa Clara, diretor da Escola 42 e fundador do Tumo

Biodiversidade

  • Apreciar o conhecimento e sabedoria locais contribui para a valorização da biodiversidade cultural e torna mais fácil proteger toda a biodiversidade
  • Deve ser dada prioridade à conservação das florestas tropicais
  • Biodiversidade é oportunidade de mudar e melhorar as desigualdades

Cidades inteligentes

  • Cidades têm que ser pensadas a partir das necessidades dos habitantes, em processos colaborativos que envolvam setor público e privado, mas também sociedade civil
  • Tecnologias como o 5G são essenciais para o desenvolvimento dos países mais pobres