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António Costa Silva: “A maior ameaça que pesa sobre as nossas cabeças é a ameaça climática”

O ministro da Economia acredita que a digitalização é uma ferramenta para criar “um modelo económico mais sustentável” e defende que Portugal tem, neste campo, “vantagens competitivas”. Esta foi uma das conclusões da conferência “Portugal 5.0 – Accelerate Digital Transformation”, transmitida esta manhã no Facebook do Expresso

No debate moderado por Fernando Silva (Siemens Portugal) participaram Miguel Stilwell d'Andrade (EDP), Thomas Hegel Gunther (Volkswagen Autoeuropa), Roland Busch (Siemens AG), Jean-Luc Herbeaux (Hovione) e Isabel Vaz (Luz Saúde)
João Girão

Francisco de Almeida Fernandes

A espécie humana pode não conseguir fintar a ameaça de extinção se não endereçar, de forma séria e acelerada, o desafio da sustentabilidade. Quem o diz é o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, que não tem dúvidas em afirmar que “a maior ameaça que pesa sobre as nossas cabeças é a ameaça climática”. O responsável pela estratégia económica do país marcou presença na conferência “Portugal 5.0 – Accelerate Digital Transformation”, organizada pela Siemens e à qual o Expresso se associou como media partner, e aproveitou a oportunidade para realçar as “vantagens competitivas” de Portugal neste caminho das várias transições – digital, energética e ambiental.

“É por isso que a nossa resposta com a digitalização tem de ter no seu centro a sustentabilidade e o desenvolvimento de um modelo económico muito mais sustentável”, considera António Costa Silva. Para isso, porém, é preciso apostar na inovação e na tecnologia como ferramentas para levar avante o caminho rumo a futuro mais verde. Para o ministro, a qualidade dos recursos humanos portugueses, o financiamento disponível no Plano de Recuperação e Resiliência e o dinamismo empresarial do país são ingredientes que permitem a Portugal destacar-se no panorama internacional.

António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar, defendeu que Portugal tem "vantagens competitivas" no desígnio da digitalização aplicada à sustentabilidade
João Girão

Não terá sido por acaso que o auditório da Fundação Champalimaud, em Lisboa, foi o espaço escolhido para a realização deste evento. Como centro de investigação de ponta em saúde, torna-se o palco ideal para dar a conhecer organizações que estão a investir na digitalização, mas também para debater as oportunidades e os desafios que o país tem pela frente. Da energia à mobilidade, passando pela saúde e as infraestruturas, o painel de discussão contou com a presença de Miguel Stilwell d’Andrade (CEO da EDP), Thomas Hegel Gunther (diretor-geral da Volkswagen Autoeuropa), Isabel Vaz (CEO da Luz Saúde), Jean-Luc Herbeaux (CEO da Hovione) e Roland Busch (CEO da Siemens AG).

Conheça, abaixo, as principais conclusões do evento:

Tecnologia como fator de competitividade e sustentabilidade

  • Tornar a indústria neutra em carbono é um desafio de grande dimensão, mas possível de atingir se forem reunidas três condições: energias renováveis, qualificação dos recursos humanos e investimento tecnológico. Do lado do sector energético, a EDP – cujo compromisso é ser ‘verde’ até 2030 e neutra em carbono até 2050 – está a “investir centenas de milhões de euros” neste esforço. Miguel Stilwell d’Andrade vê na conjugação entre produção eólica e fotovoltaica uma oportunidade e resfria as expectativas face ao papel do hidrogénio verde.
  • “Acho que há muito buzz sobre hidrogénio (...). Há expectativas demasiado altas. Acho que vai demorar muito mais tempo do que as pessoas estão à espera”, afirma o CEO da energética.
Fernando Silva, CEO da Siemens Portugal, lembrou que a empresa alemã está em território nacional há 117 anos e que vê nesta aposta um "reconhecimento da qualidade da engenharia portuguesa"
João Girão
  • Objetivo semelhante tem a Autoeuropa, que em Palmela prevê reduzir, até ao final da década, “90% das emissões de CO2” quando comparado com valores de 2021. O líder da fábrica do grupo alemão vê na modernização das instalações e dos equipamentos uma forma de “ter um impacto positivo no ambiente”.
  • Roland Busch lembra a importância da digitalização para cumprir o desígnio da transição ambiental e aponta a combinação entre os mundos físico e digital como uma forma de lá chegar. “Nenhuma empresa ou país consegue fazer esta transição sozinho”, reforça. A colaboração entre sectores, organizações e Estado será, garante, essencial para o sucesso.
  • Na saúde, a tecnologia também está a ter um papel importante. Isabel Vaz assinala a utilização de ferramentas como a inteligência artificial para aumentar a produtividade dos profissionais de saúde e para melhorar a qualidade dos serviços prestados aos doentes. “Diria que em Portugal, em especial no sector privado, estamos muito avançados em termos de ferramentas digitais”, assegura.
  • Responsável pelo desenvolvimento e produção de medicamentos, a Hovione defende, ainda, uma maior colaboração entre a academia e o mundo empresarial para potenciar a inovação. “As universidades não podem trabalhar numa bolha”, diz Jean-Luc Herbeaux.