Na viagem pelas capitais de distrito do país, o Expresso fez esta quinta-feira uma paragem na cidade da Guarda para debater os desafios e as oportunidades da região. Um dos principais temas da intervenção do presidente da autarquia, durante a conferência que o semanário organizou esta tarde no Café-Concerto do Teatro Muncipal da Guarda, foi precisamente a importância de fazer do concelho um centro nevrálgico intermodal de transportes no país. “É fundamental a implementação de um verdadeiro nó intermodal ferroviário, rodoviário e também marítimo [na região]”, sublinhou Sérgio Costa.
O líder da Câmara Municipal da Guarda lembrou a “localização geoestratégica verdadeiramente excecional” do município, nomeadamente pela distância de cerca de 300 quilómetros até Lisboa e apenas 350 quilómetros até Madrid. É também por isso que considera essencial a concretização do projeto do porto seco da região, uma forma de afirmar a capacidade logística endógena e para “alargar a influência dos portos de mar”.
Com maior dinamismo económico, Sérgio Costa não tem dúvidas de que será mais fácil atrair e reter população no distrito. E diz mesmo que não faltam argumentos para o concretizar: “A nossa qualidade de vida é inegável. Na Guarda, a cidade dos 15 minutos é uma realidade”, apontou, em referência ao acesso rápido dos habitantes aos principais serviços públicos. “Esse é um dos nossos maiores trunfos”, reforçou.
No mesmo sentido, a aposta no enriquecimento dos currículos formativos oferecidos pelo Instituto Politécnico da Guarda (IPG) é vista como uma mais-valia para manter os jovens qualificados na região, acredita o presidente do IPG. Joaquim Brigas defende que “uma das formas de reter [talento] é através da capacitação de recursos”, um trabalho que o politécnico tem procurado por via do trabalho em proximidade com o tecido empresarial. Este foi, aliás, um dos temas centrais em discussão durante a conferência “Guarda: Logística, tecnologia e inovação”, organizada pelo Expresso para assinalar o seu 50º aniversário.
Conheça as principais conclusões do debate:
Fixar talento no interior
- A inovação é considerada por André de Sá, professor do IPG e coordenador do CoLAB LogIN, uma forma eficaz de reter recursos humanos qualificados no interior. “Cabe-nos ter uma oferta formativa de qualidade que acompanhe os desenvolvimentos tecnológicos e que esteja em direta relação com o tecido empresarial”, assegura.
- Essa proximidade entre a instituição de ensino superior e as organizações tem sido frutífera, em especial para empresas como a Merkle, uma tecnológica que nos últimos quatro anos passou de três para 82 colaboradores na Guarda. “Tem sido um sucesso desde que nos instalámos”, confirma Luís Baptista. O especialista em sales force da multinacional espera conseguir fazer crescer a equipa até às 150 pessoas nos próximos anos com apoio do IPG.
- Do lado do politécnico, a criação de cadeiras ou pós-graduações à medida das necessidades dos gestores é fundamental. É por via da especialização e do reforço de competências específicas que a instituição espera contribuir para o repovoamento do território. “Cerca de 90% dos meus quadros foram formados no politécnico”, acrescenta João Logrado, diretor-geral da Olano.
- O sector da logística é responsável por cerca de nove mil empregos na região e está, por isso, entre os temas prioritários para a qualificação de recursos humanos no IPG. “Sou daqueles que acreditam piamente que a Guarda vai ser o grande centro logístico do país”, afirma Joaquim Brigas.