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“2021 não foi nada similar a 2020. Tivemos um crescimento atípico que ninguém antecipava”

A propósito dos Investor Relations & Governance Awards (IRGA), que são entregues esta quinta-feira, 26 de maio, o Expresso entrevistou os nomeados a CEO do ano. António Rios de Amorim, presidente executivo da Corticeira Amorim, é o primeiro de uma lista de quatro

António Rios de Amorim, presidente executivo da Corticeira Amorim
João Girão

Ana Baptista

Os IRGA deste ano dizem respeito ao desempenho de 2021, um ano em que as empresas ainda tiveram de lidar com o covid. 2021 foi uma continuação do que se passou em 2020?

Não considero nada que 2021 tenha sido similar a 2020. 2020 foi um ano traumático para todos, foi inesperado, sem saber quais as consequências, ainda que na nossa atividade, as consequências tenham acabado por ser menores do que esperávamos inicialmente. Já 2021 começou assim, nos primeiros três meses, mas a partir do final do primeiro trimestre foi um ano completamente diferente, com um crescimento atípico que nenhum de nós conseguia antecipar.

Como foram esses nove meses de 2021?

Tivemos dois sentimentos nesses nove meses. Um de forte aumento da procura real e de retoma do consumo em muitas áreas do mundo e um de aumento das ruturas das cadeias de logística, que obrigou a uma maior capacidade de resposta da nossa parte. Esta foi a parte positiva. 2021 teve depois uma parte menos boa que foi a inflação que sentimos logo a partir do final do primeiro trimestre nas matérias-primas, componentes e transportes e, a partir de julho, na energia. Esse aumento de custos teve impacto nas margens da empresa, que teve de suportar estas evoluções, mas isso não é perdurável no tempo.

Nesse cenário de inflação, com a empresa a ter mais custos e a não conseguir repercuti-los no imediato nos produtos, como ficou a aposta na tecnologia e na sustentabilidade?

Não parámos os investimentos fundamentais da empresa em 2020 e 2021. O nosso plano foi todo efetuado e grande parte dele assentava no salto tecnológico que todo o sector da cortiça tem vindo a dar. Antes da sustentabilidade, tivemos de garantir a performance e a funcionalidade dos nossos produtos, que têm de surpreender pela positiva. E fizemos, fruto de investigação e de muitas parcerias com o sistema científico nacional, um conjunto de projetos de desenvolvimento tecnológico do processo industrial, que ficou concluído em 2020 e 2021. Ora, depois de melhorada a performance e a tecnologia, obviamente que se segue a sustentabilidade, mas a cortiça já é um produto o mais natural possível. A palavra resíduo não existe no nosso sector e, por isso, já somos um exemplo de sustentabilidade.