Projetos Expresso

Exportação de bens em setembro já supera valor antes da pandemia

Projetos Expresso. A partir desta segunda-feira, e durante as próximas duas semanas, o Expresso online publica 10 visões para o comércio internacional de bens e serviços no âmbito do projeto Mês das Exportações, uma iniciativa do Expresso e do Novo Banco que arrancou na semana passada e que se prolongará durante novembro

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Quase €5 mil milhões. Mais precisamente €4.972 milhões. Foi este o montante conseguido pelas empresas portuguesas com as exportações de bens durante setembro, um valor que já supera os €4.876 milhões atingidos em fevereiro deste ano e que está mais próximo dos €5.146 milhões dos únicos dois meses deste ano sem efeitos de covid-19. Aliás, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta segunda-feira, as exportações de setembro estão apenas 0,4% abaixo do atingido no mesmo mês do ano passado, uma descida inferior à de agosto, que foi de 1,9% em termos homólogos.

Quer isto dizer: não só a actividade exportadora portuguesa continuou a recuperar face às quedas abruptas e muito significativas de abril e maio deste ano (menos 41,3% e menos 38,3%, respectivamente), como também está cada vez mais próxima dos montantes de 2019, considerado um ano de excepção para o comércio internacional de bens, que ficou muito perto dos €60 mil milhões.

Para o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Luís Castro Henriques, esta recuperação - que foi evidente logo em junho, quando a Europa começou a desconfinar - mostra bem a “vitalidade” das empresas portuguesas. “Continuamos a ser competitivos. Os factores de atractividade do país não estão a ser afectados pela pandemia”, diz ao Expresso.

Contudo, de acordo com Nuno Rangel, CEO da Rangel, a empresa de logística e de transporte de mercadorias, mesmo com o aumento da actividade sentida nos últimos meses, o país não deverá recuperar o que se perdeu em abril e maio, os piores meses, mas também o que se perdeu em março e junho, cujas perdas superaram os 10%. Segundo as contas do Expresso feitas com base nos dados do INE divulgados esta segunda-feira, no acumulado do ano (janeiro a setembro), a quebra nas exportações é de 12,6%. Além disso, com a Europa a confinar de novo, aumenta muito a incerteza face aos últimos meses do ano, principalmente novembro e dezembro que, por norma, são meses fortes para as empresas exportadoras.

Nas exportações de serviços, os dados mais recentes são ainda os de agosto, sendo que os de setembro só serão conhecidos a 19 de novembro. Também aqui houve uma recuperação quando se começou a desconfiar, apenas de forma mais significativa em agosto, mas a recuperação do comércio de serviços fica muito aquém da recuperação sentida nos bens. Segundo dados do Banco de Portugal, em abril e maio, as descidas foram de 56% e 62,5%, respectivamente, e em agosto foram ainda de 45%. A justificar estes valores está o recuo brutal sentido nas exportações de serviços de viagens e turismo que, até agosto deste ano, registou uma quebra de 56%.