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Geração E

Viajar sozinho é um plano para a Geração Z: “As pessoas associam desfrutar de uma viagem a estar acompanhado e não tem de ser assim”

Porque era um sonho antigo ou porque, quando se viram sem companhia, não quiseram deixar de fazer as coisas, partiram sozinhos para viagens de dias, semanas ou meses. Destes momentos que não viveram sem desafios, dizem ter trazido experiências marcantes, histórias engraçadas, mas, sobretudo, crescimento pessoal

Luana Silva, Carolina Rombaldi e António Rochinha são três dos jovens que têm feito o mercado das viagens a solo crescer. O Expresso foi tentar perceber, junto deles, como e porquê.

Indecisa sobre o continente de destino, Luana acabou por escolher a Europa. Queria “conhecer primeiro a própria cultura”. Foi sozinha, “sem planos”, de mochila às costas e sem data para voltar. “Ia comprando e marcando as coisas no próprio dia ou no dia anterior”, conta. Acabou por viajar durante cinco meses.

“Coitadinha de ti”, “não tens amigos”, “tenho mesmo pena” eram o tipo de comentários que Luana Silva, de 24 anos, ouvia. Foi também o que a fez sentir que “tinha mesmo de partilhar” as viagens que fazia sozinha. “Ter uma página que fizesse esse tipo de partilhas faria com que outras pessoas percebessem que isto é algo que podem, efetivamente, fazer”, diz, “tal como quando eu era mais jovem vi filmes que me permitiram perceber que isso era uma possibilidade”.

Hoje, é tudo “muito diferente”, nota. Os conselhos da moda — o “vai viajar sozinho, porque vai mudar a tua vida” ou o “se te queres desenvolver pessoalmente, vai viajar sozinho” — estão por todo o lado no Instagram. “Muitas pessoas estão a ir só por ir, para fazer o check na lista ou para fugir a um problema”, diz.

Mais de um terço da Geração Z planeia viajar sozinho pelo menos uma vez nesta década, indica um estudo da Booking. Estima-se que o mercado mundial de serviços de viagens individuais cresça 9,1% por ano entre 2023 e 2030, de acordo com um estudo de mercado da Infinity Business Insights.

Mesmo assim, Luana Silva diz sentir que “o estigma ainda existe”, e que é “muito diferente para um homem e para uma mulher, apesar de cada vez ser mais recorrente mulheres viajarem sozinhas”. “Ainda existe muito medo na sociedade de que a mulher possa fazer coisas assim”, diz.