Luana Silva, Carolina Rombaldi e António Rochinha são três dos jovens que têm feito o mercado das viagens a solo crescer. O Expresso foi tentar perceber, junto deles, como e porquê.
Indecisa sobre o continente de destino, Luana acabou por escolher a Europa. Queria “conhecer primeiro a própria cultura”. Foi sozinha, “sem planos”, de mochila às costas e sem data para voltar. “Ia comprando e marcando as coisas no próprio dia ou no dia anterior”, conta. Acabou por viajar durante cinco meses.
“Coitadinha de ti”, “não tens amigos”, “tenho mesmo pena” eram o tipo de comentários que Luana Silva, de 24 anos, ouvia. Foi também o que a fez sentir que “tinha mesmo de partilhar” as viagens que fazia sozinha. “Ter uma página que fizesse esse tipo de partilhas faria com que outras pessoas percebessem que isto é algo que podem, efetivamente, fazer”, diz, “tal como quando eu era mais jovem vi filmes que me permitiram perceber que isso era uma possibilidade”.
Hoje, é tudo “muito diferente”, nota. Os conselhos da moda — o “vai viajar sozinho, porque vai mudar a tua vida” ou o “se te queres desenvolver pessoalmente, vai viajar sozinho” — estão por todo o lado no Instagram. “Muitas pessoas estão a ir só por ir, para fazer o check na lista ou para fugir a um problema”, diz.
Mais de um terço da Geração Z planeia viajar sozinho pelo menos uma vez nesta década, indica um estudo da Booking. Estima-se que o mercado mundial de serviços de viagens individuais cresça 9,1% por ano entre 2023 e 2030, de acordo com um estudo de mercado da Infinity Business Insights.
Mesmo assim, Luana Silva diz sentir que “o estigma ainda existe”, e que é “muito diferente para um homem e para uma mulher, apesar de cada vez ser mais recorrente mulheres viajarem sozinhas”. “Ainda existe muito medo na sociedade de que a mulher possa fazer coisas assim”, diz.