“Não é todos os dias que se ‘vê' este fenómeno, muito menos aqui”, escrevem Maria e Miguel no Instagram, depois de fotografarem uma aurora boreal. Tudo começou quando começaram a ver imensas publicações sobre o assunto. “Fomos pesquisar e vimos que tinha ocorrido uma ejeção de massa coronal em direção à Terra maior do que o habitual”, contam, ao Expresso, os dois astrofotógrafos.
A fotografia, que tem sido partilhada nas redes sociais, foi tirada no “local mais elevado” da Serra da Boa Viagem, na Figueira da Foz. “O registo não foi fácil devido às condições meteorológicas que se faziam sentir”, referem. "Quem conhece a Figueira da Foz já a reconhece por ser ventosa e esta noite não foi exceção”, explicam. No local, Maria e Miguel captaram “uma astrofotografia para ver o que surgiria no ecrã da câmera, uma vez que, a ‘olho nu’ não foi possível avistar” o fenómeno.
Apesar do frio, que “paralisa um pouco o corpo”, e das nuvens, a imagem permite “observar a aurora acompanhada da nossa galáxia - a Via Láctea”. A meteorologia não foi, no entanto, o único fator a atrapalhar. “As condições atmosféricas não eram as ideais e tínhamos também excesso de poluição luminosa vinda do farol do Cabo Mondego”, contam.
Na internet surgiram dúvidas: será que é possível ver uma aurora boreal em Portugal? Os próprios autores hesitaram. “É um fenómeno que costuma ocorrer em regiões mais a norte do planeta e não na nossa latitude. Após ver nas redes sociais algumas fotografias com auroras boreais em locais com latitudes semelhantes à do nosso país, como foram os casos da Grécia e Itália, queríamos acreditar que também seria possível vê-las em Portugal”.
Ainda assim, depois da fotografia, Miguel e Maria voltaram para casa com dúvidas. “Rapidamente foram desfeitas quando continuámos a ver publicações sobre o sucedido e obtivemos a confirmação através da opinião de alguns investigadores da área”, dizem. Segundo os astrofotógrafos, o fenómeno foi visível no nosso país devido a uma “ejeção de massa coronal em direção à Terra maior do que o habitual, o que provocou estes acontecimentos considerados raros em latitudes como a de Portugal”.