O salário médio dos trabalhadores em Portugal aumentou 6,6% no ano passado, em termos homólogos, para 1505 euros brutos mensais. A subida foi além do referencial de 5,1% acordado entre o Governo e os parceiros sociais – com exceção da CGTP –, no âmbito do acordo de rendimentos, para as atualizações salariais no sector privado em 2023. Mas em termos reais – ou seja, considerando a inflação, medida pelo Índice de Preços do Consumidor – o incremento foi menor e o salário médio no país avançou 2,3% no ano passado, mostram os últimos indicadores do Instituto Nacional de Estatística, sinalizando uma recuperação do poder de compra, ao contrário do que tinha acontecido em 2022.
Remuneração bruta mensal
Média, por trabalhador, em euros
Foi na componente base do salário que a subida foi mais expressiva - 6,8%, em termos nominais face a 2022, para 1143 euros. Já a componente regular – que inclui subsídios como o de férias ou de refeição – registou aumento de 6,6% para 1216 euros. Considerando o efeito da inflação, e pese embora a recuperação do poder de compra dos trabalhadores, o salário bruto médio base aumentou 2,4%, enquanto a componente regular subiu 2,2%.
Mas os incrementos registados não são suficientes para tirar o país – e sobretudo os seus trabalhadores – da cauda da Europa em matéria de salários. E são uma das principais razões que levam o talento nacional a emigrar e procurar melhores oportunidades de vida e carreira fora de Portugal. Os últimos dados divulgados pelo organismo europeu de estatística Eurostat, sobre o rendimento disponível dos trabalhadores europeus mostram que em 2022 (dados mais recentes) Portugal registava o sexto rendimento mais baixo da União Europeia (UE).
Portugueses entre os profissionais com rendimento mais baixo na União Europeia
Em paridade de poder de compra, em euros
Os dados relativos a 2023 só serão conhecidos no final deste ano. Mas no período considerado pela análise (2022), o rendimento médio por habitante na UE, expresso em paridade de poder de compra – de modo a eliminar o efeito da variação do nível de preços entre os vários países, permitindo uma comparação mais rigorosa –, era de 18706 euros. Um valor consideravelmente superior aos 12.266 euros registados em Portugal, mas muito abaixo dos 33 mil euros anuais que garantiam os trabalhadores do Luxemburgo, por exemplo.