Apesar dos 19 vereadores que elegeu em igual número de câmaras no domingo, o Chega só é verdadeiramente decisivo em cinco autarquias. Nestas, apenas três partidos elegeram, sendo que o primeiro e o segundo surgem sempre empatados em mandatos. É o que acontece no Entroncamento, na Moita, em Moura, em Santarém e em Sesimbra, onde, em teoria, o partido de André Ventura pode servir para desatar o nó da governação autárquica. O caso mais plausível destes cinco é Santarém, onde Ricardo Gonçalves (PSD) foi reeleito presidente da Câmara (com 37,42% dos votos e quatro mandatos), mas perdeu a maioria absoluta. Com igual número de mandatos, a candidatura socialista de Manuel Afonso arrecadou 33,26%. Nos restantes quatro casos, eventuais entendimentos com o Chega afiguram-se mais difíceis, uma vez que os presidentes eleitos são da CDU (Sesimbra) ou do PS (Entroncamento, Moita e Moura). Ventura rejeita qualquer acordo com câmaras socialistas ou comunistas, mas admite que “casos de ingovernabilidade absoluta” podem levar o seu partido a participar em certas decisões desses executivos. Entendimentos pontuais, sublinha, que serão avaliados caso a caso. Quanto ao PSD, um eventual acordo só acontecerá se os sociais-democratas aceitarem as quatro condições impostas por Ventura: um plano de combate à corrupção, a criação de um plano de acompanhamento dos “problemas” da etnia cigana, a redução para metade da subsidiodependência e a aplicação de um complemento solidário municipal para idosos.
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Chega impõe condições ao PSD. PS e CDU falam em “linhas vermelhas”
O partido de André Ventura recusa apoiar executivos autárquicos do PS e da CDU. Quanto aos sociais-democratas, o Chega só viabilizará a governação de câmaras e juntas de freguesia se o PSD cumprir quatro condições, incluindo um “plano de acompanhamento da comunidade cigana”. O autarca de Santarém, reeleito pelo PSD, não reage às condições do Chega, mas adianta que se reunirá com todos os partidos