Quando o relógio avançava para as 2h da manhã, parecia certo que o líder do PSD só iria descer do primeiro andar quando os votos em Lisboa estivessem todos contados. Mas não. Mesmo sem a cereja no topo do bolo, Rio estava preparado para cantar vitória: todos os seus objetivos tinham sido cumpridos. Lisboa seria apenas a chapada de luva branca nos críticos, adversários internos, empresas de sondagens e “comentadores”. Nas fileiras de Paulo Rangel e Luís Montenegro a ordem, agora, é esperar. Mas há tempo? Uma coisa parece certa: a vitória de Lisboa deu a Rui Rio o poder de ser o maestro. É ele que vai ditar a música.
“Lisboa virou tudo”, comentava-se no day after nas fileiras dos críticos de Rio, que já contavam com um acréscimo de dez ou 20 câmaras nas contas globais - uma vez que o ponto de partida das últimas autárquicas era tão baixo. Nisso, críticos e rioístas concordam: o bom resultado do PSD foi mais “qualitativo” do que “quantitativo” e essa é que pode ser a pedra no sapato dos desafiadores da liderança. Ao Expresso, José Silvano admite que o PSD perdeu mais câmaras do que as que contava perder - perdeu 15, e contava no máximo perder sete ou oito -, e ganhou 32, o que fez com que o balanço global fosse mais 16 câmaras do que há quatro anos. Podia ter sido mais.