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Autárquicas 2021

Catarina Martins lamenta “mau resultado” do BE, vitória de Moedas em Lisboa e reforça: “O Bloco não faz coligações com a direita”

Coordenadora do Bloco de Esquerda assumiu resultado negativo, que fez o partido perder votos e mandatos. Saudando a eleição de vereadores em grandes cidades, fechou a porta a acordos com Carlos Moedas ou Rui Moreira e piscou o olho ao PS em Almada. “A eleição da Joana Mortágua é a possibilidade de um fio à esquerda para a Câmara de Almada”

Nuno Botelho

Nem a tentativa de piscar o olho à esquerda feita por Carlos Moedas no dia um da nova vida em Lisboa chega para convencer o Bloco a sentar-se à mesa. Esta tarde, na sede nacional do partido, Catarina Martins lamentou uma das “más notícias” da noite eleitoral: “o facto de a direita ter ganho a Câmara de Lisboa”. E se na noite eleitoral já tinha sido taxativa, no momento em que se começava a desenhar a vitória da coligação do PSD e do CDS em Lisboa, agora foi só repetir. “Em relação a Lisboa, o Bloco já tinha afirmado que não faz coligações com a direita.

A líder do partido estava ali também para agradecer as poucas vitórias do partido nestas autárquicas. Em Lisboa, os bloquistas conseguiram segurar um vereador, resultado que traziam da última eleição, com a cabeça de lista Beatriz Gomes Dias a ocupar esse espaço. É uma autarquia onde a esquerda, apesar da maioria de votos, perde a liderança, facto a que “não será indiferente”, considera Catarina Martins, “os problemas próprios do PS em Lisboa nos últimos meses”, mas também a “instrumentalização de fundos e políticas públicas da campanha nacional” feita por António Costa, que deu em “resultados opostos aos que o PS esperava”.

O Bloco de Esquerda até manteve os lugares nas duas cidades mais importantes em que estava no executivo camarário: além de Lisboa, Almada. Mais do que isso, conseguiu pela primeira vez em 22 anos de existência ficar com um assento no Porto e desequilibrar as contas de Rui Moreira, que perdeu maioria e já sabe, como Carlos Moedas, que não pode contar com o BE. “Rui Moreira vai finalmente ter oposição no Porto, que já estava a faltar há muito tempo”, insistiu Catarina Martins, como fez ao longo de toda a semana de campanha no norte do país.

Em Almada, a música é outra. Inês de Medeiros segurou a autarquia para o PS, saiu reforçada, e “tem agora de escolher”, avisa o Bloco. Ou repete a coligação de bloco central de há quatro anos ou aceita coligar-se à esquerda. Da rua da Palma os braços estão abertos. “O Bloco terá a disponibilidade que sempre disse que teria. A eleição da Joana Mortágua é a possibilidade de um fio à esquerda para a câmara de Almada.”