Há quatro anos, Assunção Cristas tinha uma festa montada no Largo do Caldas para comemorar os 20% do CDS em Lisboa e havia de querer usar esse resultado como trampolim para tentar ultrapassar o PSD e liderar o centro-direita. Mas o bom resultado foi um mau prenúncio e o mundo mudaria para o CDS nas legislativas. Na noite eleitoral deste domingo, sem sinais de festa e uma sede vazia, Francisco Rodrigues dos Santos fez um discurso triunfal e anunciou que quer usar este resultado para embalar a direita para o Governo: "Serei o líder do CDS que vai novamente levar o partido ao Governo de Portugal". Francisco já está em campanha interna, onde vai usar como argumento o resultado autárquico - alcançado quase sempre em coligações com o PSD.

Rodrigues dos Santos quer que o resultado autárquico fruto das coligações "abra a porta para que se possam formar novos entendimentos de centro-direita". O líder do CDS-PP já tinha deixado nota no último comício, em Oliveira do Hospital, quando disse que este resultado era o mote para "juntos" irem "embalados" para uma solução de Governo. No entanto, não se quis comprometer com a natureza de uma coligação, pré ou pós-eleitoral: "Estou certo de que hoje se inicia um novo ciclo político em Portugal e começa um novo ciclo à direita, com a força do CDS-Partido Popular", afirmou, numa sala onde estava apenas a sua direção e os jornalistas. E celebrou o facto de o CDS e o PSD terem "duplicado" o número de câmaras em coligação, três delas capitais de distrito: Coimbra, Funchal e Portalegre. Foi um discurso de ganhador, e ainda não se sabia o resultado em Lisboa.