Durante grande parte da noite, os apoiantes do Chega dividiam-se entre selfies e gins, alheios às projeções na televisão. Mas já perto da meia-noite, o ambiente do quartel-general do partido, em Braga, era um misto de desânimo e cansaço. André Ventura adiou por quatro vezes o discurso final, à espera dos resultados de Lisboa, Alentejo e Algarve – apostas do partido para as autárquicas –, aumentando a ansiedade entre os 300 convidados.
Quando subiu ao púlpito, perto das duas da manhã, o discurso era de vitória, mas "não total". "Hoje fizemos história. A partir de amanhã, os nossos adversários sabem uma coisa, sabem que enfrentarem-nos é enfrentar um enorme bloco de cimento, uma força gigantesca implementada na grande maioria das autarquias e Portugal. Com apenas dois anos e meio, somos a terceira força política em grande parte dos concelhos", afirmou o líder do Chega, sob os aplausos e gritos efusivos dos apoiantes.
Segundo os resultados provisórios, o Chega conquistou 4,16% da votação, o que equivale a 205.266 votos. Admitindo que o objetivo do partido era alcançar a terceira posição, Ventura assumiu a "responsabilidade", mas considerou que com a "enorme implantação nacional" alcançada com 19 vereadores, 171 mandatos para assembleias municipais e 205 mandatos para assembleias de freguesia o Chega dará o "primeiro passo" para ser Governo em Portugal. Um resultado bem acima dos 12 vereadores conquistados pelo Bloco de Esquerda em 2017, que era uma das metas do Chega.