Carlos Pereira é deputado do Partido Socialista na comissão parlamentar de Economia mas, um dia antes de uma audição parlamentar com a presidente executiva da TAP no início deste ano, esteve presente num encontro, realizado através do Teams, com a própria Christine Ourmières-Widener, e com membros das equipas de João Galamba, Pedro Nuno Santos e Ana Catarina Mendes.
“O convite foi colocado na minha agenda, foi aceite e foi concretizada a reunião”, foi a justificação dada aos jornalistas pelo deputado socialista no final da audição de Christine Ourmiéres-Widener, situação em que foi revelado que esse encontro aconteceu a 17 de janeiro deste ano, um dia antes da audição parlamentar, que se debruçou sobre o complexo processo de saída de Alexandra Reis da TAP.
“De quem partiu a iniciativa?”, questionaram os jornalistas. “Não sei, fui convidado”. A reunião foi por Teams, à distância. “Mas aceita todas?”, perguntou-se. “Não aceito todas”. Então, quem convidou o deputado? “Há muitas reuniões que são solicitadas por entidades externas”. Os partidos de direita consideram que foi João Galamba que promoveu - motivo, aliás, para que a IL tenha pedido diretamente a sua demissão e o PSD apontado para que António Costa tome essa decisão.
Neste caso, continuaram os deputados, a iniciativa veio de quem? “Veio da secretária, que convida”. “Secretária de quem? A minha secretária”. "Que recebeu de quem o convite?" Nada mais quis dizer.
Para Carlos Pereira, são tudo fait divers. “Eu faço n reuniões antes, depois, com várias instituições, é isso que os partidos da Assembleia fazem. Partilham informação para poderem fazer melhor o seu escrutínio”, considerou, recusando que seja um comportamento pouco ético.
Porém, quando questionado se houve mais reuniões destas, por exemplo, na comissão de inquérito sobre a TAP que agora decorre, respondeu negativamente.
Aliás, o deputado considera que estes são “casos e casinhos” em torno da audição parlamentar, trazidas por partidos de direita, referindo-se à Iniciativa Liberal e ao PSD, e disse também que a postura da CEO abriu as portas a isso.
“A CEO da TAP surgiu nesta audição zangada e ressentida, o que é compreensível, tendo em conta a circunstância de ter sido demitida por justa causa”, atacou Carlos Pereira.