Trabalho

Ofertas de emprego em Portugal recuam para mínimos de três anos

Vagas de emprego publicadas online durante o mês de agosto recuaram 26% face ao mês de julho e 52% quando comparadas com o período homólogo, avança a Fundação José Neves, com base num levantamento realizado pelo Burning Glass Institute
Bloomberg

Não são boas notícias para quem procura emprego em Portugal. Em agosto deste ano, o número de ofertas de emprego publicadas online diminuiu 26% em cadeia, ou seja na comparação com o mês de julho, e 52% face ao mesmo mês de 2022, fechando como o mês com menor número de oportunidades de trabalho publicitadas online dos últimos três anos. Os dados, divulgados esta semana pela Fundação José Neves, têm por base a monitorização realizada regularmente pelo The Burning Glass Institute, a consultora que recorre à análise de dados para promover a melhores políticas e práticas de trabalho na Europa.

“Os resultados do mês de agosto são os mais baixos de 2023 em matéria de ofertas de emprego”, aponta a Fundação José Neves. E pese embora o possível efeito da sazonalidade associado a este mês, a verdade é que os dados disponibilizados apontam para uma diminuição no número de ofertas não só face aos meses anteriores, como em comparação com o período homólogo de 2022 e 2021 (período ainda muito marcado pela pandemia), representando uma redução de 63% e 46%, respetivamente.

94% das profissões viram reduzir o número de ofertas

O forte decréscimo, em termos agregados, do número de ofertas de emprego em agosto de 2023, traduziu-se, segundo a fundação, numa redução das oportunidades de emprego para a maioria das profissões. No conjunto das 1800 profissões analisadas, 94% registaram uma redução do volume de ofertas face a agosto de 2022.

Entre as mais afetadas, com um decréscimo de ofertas disponíveis superior a 78% estão, por exemplo, pessoal de informação administrativa, empregados de mesa e bar, operadores de centros de contacto, operadores de caixa e outros profissionais de vendas, bem como empregados de aprovisionamento e armazém ou motoristas de veículos pesados e de autocarros.

Tecnologias e engenharia continuam dinâmicas

Apesar desta redução, sinaliza o relatório da Fundação José Neves, numa minoria de profissões ocorreu precisamente o inverso. Técnicos operadores das tecnologias de informação e comunicação, engenheiros do ambiente, inspetores e técnicos da saúde, do trabalho e do ambiente ou analistas e programadores de software e aplicações viram o número de ofertas compatíveis com o seu perfil aumentar 25% em agosto face ao mês homólogo do ano passado.

Apesar da volatilidade registada no número de ofertas mensais de emprego ao longo dos últimos anos, em parte devido à crise pandémica e ao seu impacto na atividade económica, “as profissões mais procuradas têm sido bastante consistentes ao longo do tempo”, aponta o relatório.

Seis das profissões que integram o Top 10 das mais procuradas em agosto deste ano também estavam entre as mais procuradas em agosto de 2022. Este ranking é composto, na sua maioria, por profissões com uma forte componente tecnológica e com ligação ao setor do comércio, como analistas de sistemas, programadores de software, diretores de investigação e desenvolvimento, engenheiros biomédicos e outros.

Para a elaboração deste relatório, a Fundação José Neves recorreu aos dados de ofertas de emprego online disponíveis para o mercado de trabalho nacional, em agosto deste ano e no mês homólogo de 2021 e 2022, compiladas pelo The Burning Glass Institute. Os dados foram trabalhados pela fundação e cruzados com as mais de 1800 profissões listadas no portal Brighter Future, uma base de dados sobre educação, empregabilidade e competências em Portugal que permitir comparar e relacionar informações sobre cerca de 4500 cursos e formações e mais de 1800 profissões e competências relevantes.