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Trabalho

Incerteza e nova lei travam trabalho temporário

Colocações temporárias recuaram 2% no primeiro trimestre do ano, face a 2022. Perdas vão agravar-se, admite associação do sector

AMIR COHEN/REUTERS

O sector do Trabalho Temporário (TT) iniciou 2023 a acentuar perdas. No primeiro trimestre do ano, o número de colocações em regime temporário recuou 1,9% face ao mesmo período do ano passado. Entre janeiro e março deste ano, as empresas do sector privado de emprego colocaram 98.696 profissionais em funções temporárias, de acordo com o Barómetro do TT, elaborado pela APESPE e pelo ISCTE — IUL. Uma redução de cerca de duas mil colocações face a igual período do ano passado, que se acentuou nos meses de fevereiro e março. Afonso Carvalho, presidente da Associação das Empresas do Sector Privado do Emprego (APESPE), fala numa contração da atividade no sector, resultado da atual imprevisibilidade económica, mas também da maior incerteza das empresas em relação ao real impacto das alterações legislativas introduzidas com a Agenda para o Trabalho Digno. E esta retração das colocações, admite, “vai agravar-se nos próximos meses”.

A redução de colocações temporárias começou a sentir-se já em 2022. Pese embora os resultados do último ano sejam, genericamente, positivos para o sector — com um crescimento anual de 7% nas colocações de trabalhadores temporários face a 2021, para 416.419 colocações —, os dados do barómetro sinalizam uma redução de 3,4% no número de trabalhadores temporários alocados a empresas clientes nos últimos três meses de 2022, face ao trimestre anterior. Tendência que se manteve no início deste ano, com uma redução de quase 2% nas colocações efetuadas, quando comparado com 2021.