“Já vivemos momentos económicos muito mais desafiantes, mas do ponto de vista da política [monetária], do que estamos a tentar alcançar, é difícil saber exatamente o que fazer. Agora não há caminhos isentos de risco. Não é totalmente óbvio o que fazer”, confessou Jerome Powell, o presidente da Reserva Federal (Fed), o banco central norte-americano. A confissão surgiu na conferência de imprensa que se seguiu ao anúncio de um corte de juros de 25 pontos-base (um quarto de ponto percentual). A taxa de referência da Fed fixou-se, agora, no intervalo entre 4% e 4,25%.
No comité que decide a política monetária norte-americana, que reúne 12 votantes em 19 membros, apenas um, Stephen Miran, recém-nomeado para o conselho de governadores por Donald Trump, foi fiel aos desejos do inquilino da Casa Branca que tinha exigido um corte de juros “maior do que o que ele [Jerome Powell] tem em mente”. Miran votou isolado por uma descida mais robusta de meio ponto percentual (50 pontos-base). Nem mesmo os dois dissidentes na reunião de julho, que votaram, então, por um corte de juros contra a decisão de não mexer nas taxas, resolveram, agora, seguir as indicações de Trump.
Nesta primeira decisão de regressar a descidas de juros, que estavam em suspenso desde dezembro do ano passado, a maioria esmagadora da Fed optou pelo que Powell chamou de “corte de juros para gestão de risco”, uma descida preventiva, modesta. Essa cautela é imposta, explicou o presidente do banco central, devido “ao carácter bastante incomum e historicamente atípico dos desafios que enfrentamos”.