O Novo Banco alcançou um lucro de 370 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, o que representa um deslize de 1% em relação aos 373 milhões atingidos no mesmo período de 2023, segundo a apresentação feita à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Há várias razões para que o banco tenha registado este abrandamento do resultado líquido.
Três grandes motivos para a quebra
O banco colocou 30 milhões de euros numa provisão “para o processo de transformação”, o que explica necessitar devido ao “programa estratégico de inovação e simplificação que o banco tem em curso”. Não há nenhuma explicação adicional sobre quais os gastos que acredita verificar com este dinheiro.
Já a nível de impostos, o Novo Banco tem sido muito beneficiado com faturas muito limitadas, conseguindo ainda descontar prejuízos anteriormente registados. Porém, neste semestre, o valor, ainda que continue baixo, é superior ao período homólogo: a fatura subiu de 1,6 milhões para 17,7 milhões de euros.
Ainda há resultados em operações financeiras (onde normalmente conta a venda de títulos de dívida), que causaram uma perda de 5 milhões este ano, abaixo dos ganhos de quase 30 milhões um ano antes. É uma rubrica que inclui “os ganhos e perdas com venda e reavaliação de títulos, resultados cambiais e coberturas”.
Mais receitas
Estes foram contributos em sentido negativo para o resultado semestral do Novo Banco, que a 3 de agosto completa 10 anos de vida, quando o BES foi alvo de resolução e dividido em dois. Mas houve fatores positivos, até porque o banco deixou já para trás os anos de profundos prejuízos que chegou a registar.
No primeiro semestre, o banco da Lone Star viu as suas receitas aumentarem: a margem financeira, obtida pela diferença entre juros cobrados em créditos e juros pagos em depósitos, chegou aos 595 milhões de euros, mais 13,5%, conseguindo ainda crescer no segundo trimestre (entre abril e junho), apesar do corte das taxas de juro do Banco Central Europeu, e perspetivas de redução adicional. As comissões aumentaram 11%, para 161 milhões de euros.
Os custos agravaram-se 8%, sobretudo relacionados com o pessoal. No final de junho o grupo tinha 4239 trabalhadores, mais 0,7% do que os 4209 que tinha em dezembro, tendo o número de balcões permanecido inalterado, nos 290, segundo o comunicado à CMVM.
Só crédito ao consumo sobe
A nível de crédito, o banco atingiu 28,5 mil milhões de euros de carteira bruta (ainda sem imparidades) em junho, ligeiramente abaixo do volume que existia um ano antes.
O contributo positivo, face ao primeiro semestre de 2023, veio do crédito ao consumo de particulares, já que houve recuo dos empréstimos para a compra de casa, e também do crédito dirigido a empresas.
O banco continua a conseguir reduzir o peso do crédito malparado, representando 4,1% do crédito total, quando era 4,9% um ano antes.
Em sentido inverso ao crédito, o banco liderado por Mark Bourke contou com mais recursos aplicados por clientes, com os depósitos a atingirem os 29 mil milhões de euros, quase mais mil milhões do que acontecia há um ano.
Capital continua a subir
Com os resultados positivos, o Novo Banco continua a acumular capital, até porque não o pode distribuir pelos acionistas, por ter uma proibição de distribuição de dividendos - não o pode fazer por conta do acordo para receber dinheiro do Estado (que não tem utilizado, mas, sem acordo prévio, essa proibição dos dividendos só termina no fim de 2025).
O rácio de capital principal (CET1) subiu de 18,2% para 19,9%, quando o rácio mínimo que precisava de ter é inferior a 10%.
Além disso, o banco ainda terá direito a receber um parcela de pelo menos 185 milhões de euros do Fundo de Resolução, tendo em conta a vitória parcial no diferendo que mantinham no tribunal arbitral – as partes ainda estão a determinar os valores em causa.
notícia atualizada às 7h30 com mais informação