Os trabalhadores da Silopor – empresa portuária que faz a descarga dos cereais importados para Portugal – podem voltar à greve e, com isso, comprometer a produção e distribuição de bens alimentares básicos, como o pão, a carne e todo o tipo de laticínios.
Na base do descontentamento dos trabalhadores daquela empresa portuária está o facto de, “mais uma vez, sem qualquer justificação”, segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) - que representa os trabalhadores da Silopor -, a empresa, detida a 100% pelo Estado português, ter sido excluída do despacho de 29 de dezembro de 2023, do Ministério das Finanças, com orientações para as atualizações salariais em 2024 nas empresas do sector empresarial do Estado.
“Assim, a Comissão Liquidatária da empresa recusa avançar com o processo de revisão da tabela salarial e do Acordo de Empresa para 2024, por não estar mandatada para tal pelo seu único acionista, o Estado!”, pode ler-se num comunicado emitido esta quarta-feira pelo CESP.
Plenário marcado para dia 16 em frente ao Ministério das Finanças
Em declarações ao Expresso, Célia Lopes, dirigente daquele sindicato, nota que “está já agendado para o próximo dia 16 de janeiro um plenário com os trabalhadores da Silopor onde, face à indefinição do governo quanto às atualizações salariais, serão equacionadas todas as formas de luta, em especial o recurso à greve”.
A mesma responsável sublinha que “podemos estar a falar de paralisação total da empresa, com tudo o que isso pode acarretar para o abastecimento de bens alimentares, e não apenas de greve à horas extraordinárias”, como já tinha acontecido em 2023. E lembra que pela Silopor passam entre 60% a 70% dos cereais importados.
O plenário deverá realizar-se, como forma de protesto, em frente ao Ministério das Finanças, no Terreiro do Paço, em Lisboa, durante a manhã do dia 16 de janeiro.
“Uma empresa que é lucrativa”
Célia Lopes explica que “até posso compreender que o governo tenha excluído do despacho de 29 de dezembro [que prevê as atualizações salariais nas empresas do Estado] algumas empresas em que não é maioritário mas, no caso da Silopor, o Estado detém 100% do capital. Por isso tem uma responsabilidade acrescida nas atualizações salariais, com a particularidade de estarmos a falar de uma empresa que é lucrativa”.
Na Silopor trabalham atualmente mais de 90 pessoas, sendo que foram recentemente integradas algumas que se encontravam em situação precária. Também existem alguns trabalhadores contratados em regime de trabalho temporário.