Administração Pública

“Não vamos ficar até janeiro de 2025 a empobrecer”: Frente Comum reclama aumento intercalar de salários

A estrutura sindical reivindica 15% de aumento no salário dos trabalhadores da administração pública, com o mínimo de 150 euros para todos. “Não vamos ficar até janeiro de 2025 a empobrecer”, disse Sebastião Santana

O coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana.
TIAGO PETINGA

A Frente Comum dos sindicatos da administração pública insistiu esta sexta-feira, 28 de junho, em reunião com o Governo, num aumento intercalar de salários este ano e garantiu que não vai esperar pelo próximo ano, admitindo todas as formas de luta.

"Nós continuamos a exigir um aumento intercalar dos salários, não vamos ficar à espera de 2025 para que os trabalhadores deixem de estar a empobrecer a trabalhar todos os dias na administração pública e isto obriga a uma resposta imediata. Foi-nos dito que a intenção do Governo não era essa", disse aos jornalistas o coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana, após uma reunião com a secretária de Estado da Administração Pública, Marisa Garrido, no Ministério das Finanças.

A estrutura sindical reivindica 15% de aumento no salário dos trabalhadores da administração pública, com o mínimo de 150 euros para todos.

"Não há abertura [do Governo], vão ter de ser os trabalhadores a criar essa abertura e a Frente Comum não se demite da responsabilidade que tem nisso, o que deixámos claro em cima da mesa é que não vamos ficar até janeiro de 2025 a empobrecer", apontou o sindicalista, acrescentando que todas as formas de luta estão em cima da mesa.

A frente sindical defendeu que "o Governo tem condições financeiras" para fazer um aumento intercalar e considerou que "não o faz porque não quer", propondo ainda que se utilizem verbas de uma rubrica do Orçamento do Estado que destina 19.000 milhões de euros para aquisição de serviços externos.

Sistema de avaliação “ridículo”

A reunião desta sexta-feira tinha como objetivo abordar o Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração Pública (SIADAP) e, segundo Sebastião Santana, o Governo entregou um documento necessário para que a última revisão daquele sistema seja posta em marcha.

A Frente Comum insistiu na revogação do sistema de avaliação que considera injusto e "ridículo".

"É um sistema que não prevê a possibilidade remota que seja de todos os trabalhadores de um serviço serem excelentes, [...] do nosso ponto de vista isto é só para revogar e trabalhar num sistema de avaliação novo", considerou Sebastião Santana.

Já sobre a reforma na administração pública recentemente anunciada pelo Governo, que poderá implicar redução de cargos de direção, a Frente Comum disse que o tema não foi abordado na reunião de hoje, mas o Governo pretende fazer uma apresentação do programa aos sindicatos.

"Não vamos estar de acordo, seguramente, com a forma como isto vai ser feito, que vai ser à luz do programa do Governo, que passa por muita coisa mas não passa uma única linha pela melhoria dos serviços públicos", afirmou Sebastião Santana.

Segundo a Frente Comum, ficou agendada uma nova reunião com o Governo para a próxima sexta-feira, dia 5 de julho, sobre o SIADAP.