O Governo apresentou esta terça-feira uma proposta que altera a estrutura remuneratória da carreira de técnico superior da administração pública, para que seja possível a estes trabalhadores chegarem ao topo da carreira, disse a presidente do STE.
A presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Helena Rodrigues, falava à saída de uma reunião com a secretária de Estado da Administração Pública, Inês Ramires, na Presidência do Conselho de Ministros, em Lisboa, sobre a valorização da carreira de técnico superior.
"A novidade [da reunião] prende-se com a necessidade de fazer a valorização das carreiras da administração pública, designadamente da carreira de técnico superior", disse Helena Rodrigues aos jornalistas, acrescentando que atualmente “um trabalhador que entre na primeira posição tem a perspetiva de atingir o topo da carreira em 120 anos, o que não é possível".
A proposta do Governo passa por diminuir o número atual de posições remuneratórias desta carreira, que são 14, para um número "semelhante ao que está previsto para os professores", mas ainda não está fechado, disse a líder sindical.
Topo da carreira ao fim de 40 anos
Entretanto, outro sindicalista, José Abraão, líder da Fesap, precisou que a proposta do Governo prevê uma redução das atuais 14 posições remuneratórias para 11, resultando em "saltos" salariais para os técnicos superiores entre os vários níveis remuneratórios.
Segundo referiu, ao fim de 40 anos de trabalho, "quem tiver alguns excelentes e muito bons" na avaliação de desempenho poderá atingir o topo da carreira.
Atualmente, acrescentou, apenas 5% dos técnicos superiores conseguem chegar ao nível remuneratório 12, ou seja, perto do topo da carreira.
Já a dirigente da Frente Comum, Cristina Torres, considerou a proposta do Governo insuficiente, defendendo que é preciso valorizar todos os trabalhadores da administração pública.
"Valorizamos tudo o que seja melhor para os trabalhadores, mas achamos que é curto e o Governo tem pautado a sua atuação por medidas pontuais quando a generalidade dos trabalhadores vive situações complicadas", afirmou Cristina Torres, defendendo que são precisos aumentos salariais gerais.
A carreira de técnico superior da administração pública tem, atualmente, 14 posições remuneratórias, que começam no nível 12 da tabela remuneratória (a que corresponde um salário base de 1.122,84 euros) e vai até ao nível 58 (a que corresponde um vencimento de 3.561,11 euros).
No entanto, o salário de entrada para um técnico superior é, na maioria dos casos, na segunda posição (1.333,35 euros brutos).
O número de técnicos superiores na administração pública é de cerca de 70 mil, segundo dados oficiais.
Notícia atualizada às 19H25, para acrescentar as posições da Fesap e Frente Comum