Economia

China garante na véspera de negociações com EUA que "nunca solicitará" dados ao TikTok

Pequim defendeu a aplicação TikTok na véspera da nova ronda de negociações comerciais com os Estados Unidos, este sábado em Madrid, sublinhando que "nunca solicitou nem solicitará" às empresas chinesas que recolham dados no estrangeiro contra as leis locais

Donald Trump em visita à China, em 2017
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Pequim defendeu a aplicação TikTok na véspera da nova ronda de negociações comerciais com os Estados Unidos, este sábado em Madrid, sublinhando que "nunca solicitou nem solicitará" às empresas chinesas que recolham dados no estrangeiro contra as leis locais.

Um comunicado da porta-voz do Ministério do Comércio sublinhou que Pequim está "firmemente comprometida com a proteção dos direitos legítimos das suas empresas" e que o caso da TikTok será tratado "de acordo com as leis e regulamentos pertinentes".

Também instou Washington a resolver as diferenças "através de um diálogo baseado no respeito mútuo e na consulta em condições de igualdade", para garantir um ambiente empresarial "aberto, justo e não discriminatório".

A reunião de Madrid, agendada para 14 a 17 de setembro, reunirá o vice-primeiro-ministro He Lifeng e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, na quarta ronda de contactos após as realizadas em Genebra, Londres e Estocolmo.

Em cima da mesa estarão as tarifas aduaneiras, os controlos de exportação e o futuro da TikTok, cujo prazo fixado por Washington para reestruturar as respetivas operações no país coincide com 17 de setembro, em plenas conversações.

A imprensa chinesa próxima do Governo, como o jornal Global Times, destacou que o encontro em Madrid demonstra que os mecanismos de comunicação entre as duas principais economias do planeta "se tornaram rotineiros", o que traz "previsibilidade e certeza" às relações.

Especialistas consultados pelo mesmo meio de comunicação exigiram "sinceridade" a Washington e alertaram que a manutenção de políticas "unilaterais e de pressão" dificultará a obtenção de acordos com Pequim. Esta semana, a imprensa britânica escreveu que Trump pediu à UE que imponha tarifas de 100% à Índia e China para aumentar pressão sobre a Rússia.

O encontro ocorre após a prorrogação, em agosto, da trégua tarifária que estendeu até novembro a suspensão de novos impostos.

Esse acordo reduziu as tarifas anteriormente impostas em até 30% para os produtos chineses e 10% para os americanos, e foi acompanhado por acordos parciais sobre chips e terras raras.

Apesar desses avanços, as tensões persistem. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou com novas medidas se a China não garantir o fornecimento de minerais estratégicos ou se mantiver o seu apoio à Rússia.

De acordo com dados da Administração Aduaneira de Pequim, o comércio bilateral caiu 13,5 % em termos homólogos nos primeiros oito meses de 2025, embora os Estados Unidos tenham continuado a ser o terceiro parceiro comercial da China nesse período.

Neste contexto, o encontro em Madrid é interpretado na China mais como um passo para manter abertos os canais de diálogo do que como uma oportunidade para alcançar avanços substanciais na guerra comercial que opõe as duas potências desde o ano passado.