Carlos Tavares já não lidera a Stellantis. A informação foi confirmada este domingo ao final do dia, depois de terem surgido alguns rumores de que isso poderia acontecer, segundo a Bloomberg, que atribui a decisão aos fracos resultados da empresa no último ano. Em comunicado, o grupo automóvel que integra 14 marcas, como a Peugeot, a Citrën, a Alfa Romeo, a Jeep, entre outras, confirmou que aceitou a demissão do gestor português.
Na nota, a Stellantis anuncia ainda que a demissão tem "efeitos imediatos" e que o processo de nomeação de um novo CEO "está em curso" e será concluído até junho do próximo ano. E confirma ainda que a saída de Carlos Tavares se deve a divergências. "O sucesso da Stellantis desde a sua criação foi assente num alinhamento perfeito entre os acionistas de referência, a administração e o CEO. No entanto, nas últimas semanas, surgiram visões diferentes que resultaram em que a administração e o CEO chegassem à decisão de hoje", pode ler-se no comunicado, que cita Henri de Castries, administrador independente sénior.
Ainda assim, John Elkann, chairman da empresa que agora vai liderar o Comité Executivo Interino, deixa elogios ao português. "Os nossos agradecimentos vão para o Carlos, pelos seus anos de trabalho dedicado e pelo papel que desempenhou na criação da Stellantis, além das recuperações da PSA [grupo Peugeot Citroën] e Opel, guiando-nos no caminho para nos tornarmos líderes globais na nossa indústria", pode ler-se na nota. "Anseio por trabalhar com o nosso novo Comité Executivo Interino, apoiado por todos os nossos colegas da Stellantis, enquanto concluímos o processo de nomear o nosso novo CEO."
A Bloomberg, que noticiou inicialmente a demissão, atribuiu a saída de Carlos Tavares aos fracos resultados da empresa, sobretudo nos EUA. No final de outubro a empresa deu conta de uma diminuição de 27% nas vendas do terceiro trimestre do ano, comparativamente a igual período do ano anterior e que corresponde a uma quebra de €33 mil milhões.
No primeiro semestre de 2024 as ações perderem 43% do seu valor no acumulado do ano, segundo a agência Reuters.
A demissão surge dois meses depois de Carlos Tavares ter admitido, durante uma conferência de imprensa no âmbito do Salão Automóvel de Paris, em França, que já tinha falado com a família e a decisão estaria já tomada: no início de 2026 iria deixar o cargo que atualmente ocupava naquela que é a quarta maior construtora automóvel à escala global.