Economia

Sonae fecha semestre com recordes nas vendas e no investimento, e crescimento de 14% nos lucros

Cláudia Azevedo fala em “desempenhos notáveis” dos principais negócios da Sonae num semestre que passa a barreira dos 4 mil milhões de euros nas vendas e regista lucros de 75 milhões

Cláudia Azevedo, entre João Dolores e João Gunther do Amaral, na apresentação das contas de 2023 da Sonae
RUI DUARTE SILVA

“Durante os primeiros seis meses de 2024, os nossos principais negócios continuaram a apresentar desempenhos notáveis”, afirma Cláudia Azevedo, presidente executiva da Sonae, no comentário ao desempenho do grupo num semestre marcado por recordes no volume de vendas de 4,3 mil milhões de euros (+11%) e do investimento, que triplicou para os 966 milhões de euros, acompanhados por um crescimento de 14% dos lucros, para os 75 milhões de euros.

Nos destaques dos resultados do grupo Sonae no primeiro semestre do ano, apresentados esta terça-feira, a administração refere que as vendas foram “impulsionadas pelo crescimento da MC e da Worten, que reforçaram as suas posições de liderança no mercado português, e pela integração da Musti”.

Sobre os lucros, sublinha “a sólida performance operacional” num período marcado pela “expansão orgânica dos negócios e aquisições”, em que o o EBITDA consolidado melhorou 18%, para 410 milhões de euros, “traduzindo o investimento no desenvolvimento do portefólio e o sólido desempenho dos negócios de retalho alimentar e de telecomunicações”.

Os primeiros seis meses do ano foram marcados pelo “reforço da internacionalização do portfólio com a aquisição de participações maioritárias na Musti e na BCF Life Sciences” a par da continuidade da aposta no mercado nacional, “com destaque para a expansão e remodelação do parque de lojas da MC”, diz a empresa. Ao mesmo tempo, refletem “ganhos de quota e da performance do negócio que mais do que compensaram o incremento das depreciações decorrentes do forte investimento, dos custos financeiros e dos impostos”.

MC cresce 7,8%

Na análise dos resultados, a administração destaca, também, que “90% do financiamento da Sonae é sustentável”, uma vez que o grupo contratualizou operações de financiamento de 2,4 mil milhões de euros com enquadramento Green ou ESG Linked (ligados a indicadores ambientais, sociais e de governo cooperativo) que representam já cerca de 90% das suas linhas de financiamento de médio e longo prazo das empresas consolidadas integralmente pela Sonae.

Por áreas de negócio,, a MC “continuou a enfrentar um ambiente competitivo forte e exigente” e viu o volume de negócios aumentar 7,8% em termos homólogos, para 3,3 mil milhões de euros, impulsionado pelo melhor desempenho do segmento alimentar e do segmento saúde, bem-estar e beleza (SBB). Especificamente, no segmento alimentar o crescimento numa base comparável foi superior a 5% no primeiro semestre, com o volume de negócios a aumentar 7,6%, em termos homólogos. Relativamente à rentabilidade, a MC “manteve um perfil consistente nos últimos trimestres com a implementação de medidas de controlo de custos eficientes”, com um EBITDA subjacente de 305 milhões de euros e uma margem de 9,3% (+0,1pps em termos homólogos).

Entre abril e junho, a MC abriu 15 lojas, somando 43 aberturas desde janeiro, o que inclui 10 novas lojas de proximidade Continente Bom Dia. Em termos de capex, investiu 123 milhões de euros (+8% em termos homólogos).

17% do negócio da Worten é online

No retalho de eletrónica, a Worten “continuou a enfrentar um mercado bastante competitivo, mas reforçou a sua posição de liderança quer offline quer online”. O volume de negócios cresceu 6,5% (+3,7% numa base comparável) para 593 milhões de euros, com os canais orgânico e o online a evoluírem positivamente. As vendas online melhoraram 14% e atingiram 17% do volume de negócios total.

A iServices contribuiu para este desempenho e continuou a apostar na expansão internacional, nomeadamente em Espanha, França e Bélgica, tendo aberto um total de 16 novas lojas, 10 das quais fora de Portugal.

No sector imobiliário, a Sierra “continuou a demonstrar uma dinâmica positiva e resiliente no seu portefólio de centros comerciais europeus, um desempenho sólido nas áreas de serviços e a continuação da execução do seu pipeline de desenvolvimento”. As vendas dos lojistas dos seus centros comerciais mantiveram a trajetória de crescimento, com a afluência superou os níveis pré-pandemia e as taxas de ocupação elevadas (98,1%).

“A atividade dos serviços manteve-se robusta, com a contínua diversificação setorial e a aquisição de ativos para veículos de investimento recentemente criados”, diz o comunicado. “Adicionalmente, o pipeline de desenvolvimento da Sierra continuou a evoluir conforme planeado, com destaque para a venda parcial da Torre de Escritórios do Colombo e a comercialização dos Viva Offices no Porto”, refere a empresa.

O resultado líquido aumentou 17,2%, para 45 milhões de euros, até junho, impulsionado sobretudo pelo impacto da melhoria das avaliações ao nível do resultado indireto, sendo o contributo para o EBITDA da Sonae de 26 milhões.

“Confiança” para o segundo semestre

Nas telecomunicações, a NOS apresentou “mais um trimestre com um desempenho consistente e sólido, suportado principalmente no negócio de telecomunicações”. Nas contas consolidadas da Sonae, a contribuição dos resultados pelo método de equivalência patrimonial da NOS atingiu 29 milhões de euros no segundo trimestre (+14 milhões face a período homólogo) e 53 milhões de euros no total do semestre. Para isto, contribuiu a melhoria do desempenho operacional e a mais-valia de 31 milhões de euros relativa à venda de outro conjunto de torres à Cellnex.

A NOS pagou, em maio, 0,35 euros por ação de dividendos relativos aos resultados de 2023, totalizando um pagamento de 67 milhões de euros à Sonaecom.

No balanço final, Cláudia Azevedo sublinha que foram dados “passos significativos nos esforços de crescimento e internacionalização”, da Musti, à fusão entre a Arenal e a Druni ou à BCF Life Sciences

Quanto ao segundo semestre diz manter “plena confiança na capacidade de impulsionar a inovação e o crescimento para melhorar as condições de vida de um número crescente de famílias nas várias geografias onde a Sonae opera”.