A Alemanha colocou esta quarta-feira 4000 milhões de euros em obrigações a vencer em 2034. Pagou um juro de 2,54%, mais do que os 2,38% registados no anterior leilão a 3 de abril. Portugal emitiu a 10 de abril dívida a vencer em 2034 tendo pago 2,937% e Espanha colocou a 18 de abril dívida com a mesma maturidade tendo pago 3,251%.
Apesar da antecipação feita por Luis de Guindos no Parlamento Europeu, em resposta ao eurodeputado português Pedro Silva Marques, de que o Banco Central Europeu (BCE) irá provavelmente realizar o primeiro corte nos juros na próxima reunião, a 6 de junho, o custo da dívida pública tem subido nos leilões realizados desde esse momento.
Portugal emitiu dívida a 10 de abril, ainda antes desse anúncio explícito, e pagou menos do que na operação de dívida a 10 anos realizada em janeiro.
Os balanços semanais publicados pelo BCE revelam que a carteira de obrigações, compradas ao abrigo dos programas de política monetária expansionista desde 2014, emagreceu 122,9 mil milhões de euros desde início do ano até 19 de abril. E que no caso da carteira com títulos portugueses ela reduziu-se em 5 mil milhões de euros.
O BCE (e o sistema de bancos centrais nacionais do euro) está a ‘inundar’ o mercado da dívida pública da zona euro, depois de o conselho de governadores ter decidido descontinuar os reinvestimentos no programa mais antigo lançado por Mario Draghi.
Essa ‘limpeza’ da carteira está a colocar pressão sobre o mercado de emissão. A ‘inundação’ vai aumentar no segundo semestre deste ano, quando o BCE começar a reduzir gradualmente os reinvestimentos no programa PEPP, lançado por Christine Lagarde durante a pandemia.
No entanto, quando se confirmar uma trajetória de corte nas taxas diretoras pelo BCE até final do ano (eventualmente três descidas), as projeções do portal World Government Bonds estão a prever que os juros da dívida a 10 anos caiam na zona euro, com as yields das obrigações alemãs a descer para 2,41% e as dos títulos portugueses para 2,99%. No mercado secundário (onde são transacionados os títulos entre os investidores), as yields estão atualmente em 2,55% e 3,17% respetivamente.
O spread da dívida portuguesa face à alemã, que serve de referência na zona euro, está em 62 pontos-base (0,62 pontos percentuais) e deverá descer para 58 pontos (0,58 pontos percentuais) em dezembro, segundo as projeções do World Government Bonds.
Portugal regista, atualmente, um spread mais baixo do que outras oito economias do euro, incluindo Espanha. O diferencial do prémio de risco face à Bélgica é, agora, de apenas 5 pontos-base.