Com a dívida pública a cair 9,4 mil milhões de euros em 2023, Portugal pode poupar 3,3 mil milhões de euros em juros na próxima década, anunciou o ainda ministro das Finanças, Fernando Medina, esta quinta-feira em conferência de imprensa relativa aos dados publicados pelo Banco de Portugal.
Pela primeira vez em 14 anos, a dívida pública caiu abaixo do limiar dos 100% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o banco central e Fernando Medina sublinhou mesmo que é o melhor resultado desde 2009. “Este resultado faz-nos recuperar algo que não tínhamos desde a crise financeira e das crises seguintes”, disse.
O ministro enfatizou o facto de a queda não ser apenas em percentagem do PIB, mas também um recuo real da dívida (menos 9,4 mil milhões de euros), o que aconteceu apenas mais duas vezes nos últimos 50 anos, e as duas vezes “em ciclos de governação do PS”.
Agora, Portugal saiu do grupo dos países mais endividados da Europa, ficando atrás da Grécia, Itália, França, Espanha e Bélgica. “Colocamo-nos numa posição mais segura e protegida perante as instabilidades e incertezas do que estávamos até este resultado”, disse.
A redução “vai permitir uma libertação de recursos em juros para apoiar as políticas públicas do país”. Segundo Medina, tendo em conta apenas a redução de 2023, Portugal já vai conseguir poupar cerca de 3,3 mil milhões de euros ao longo da próxima década, mas a poupança pode ser ainda maior se a trajetória de redução da dívida continuar.
Pagar menos juros “vai ter impacto na redução de juros dos nossos bancos, que as nossas empresas e famílias pagam”. Assim, “estes resultados dão a futuros governos mais margem de manobra e mais opções [governativas]”, pois este dinheiro deixará de voar para fora do país e passa a estar disponível para a República.
“Menos dívida pública é mais prioridade para o nosso país”, sublinhou.
Antes das declarações de Medina, já o primeiro-ministro, António Costa, tinha deixado uma mensagem na rede social X, onde se lia: “São boas notícias. Iniciamos o ano com confiança e com um acréscimo de esperança no futuro”.
Também Paolo Gentiloni, comissário europeu para a Economia, congratulou Portugal na mesma rede social. “Parabéns Portugal! A redução da dívida pública para menos de 100% do PIB - uma redução de 35 pontos em quatro anos - é um feito impressionante e um testemunho dos esforços efectuados desde a crise financeira para construir uma economia mais sustentável, competitiva e inclusiva”, escreveu.