Economia

Sindicatos afetos à UGT dizem que para a Caixa vale tudo e rejeitam proposta de 3% na atualização salarial

Os sindicatos afetos à UGT que propuseram aos bancos atualizações salariais de 6% para 2024, repudiam a proposta da CGD de 3%. Já tinham considerado “indecorosas” as contrapropostas de 2% dos bancos subscritores do Acordo Coletivo de Trabalho. O sindicato mais representativo da CGD, o STEC, que pediu 7% de aumento, tem agendada para dia 24 nova ronda negocial

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Luis Barra

O Mais Sindicato, o SNC e o SBN repudiaram esta quinta-feira a proposta anunciada ontem, quarta-feira, pela Caixa Geral de Depósitos que avança com uma atualização de 3%.

Estes três sindicatos propuseram uma atualização de 6% para 2024 e os bancos subscritores do Acordo Coletivo de Trabalho, como são o Santander, BPI e Novo Banco, numa primeira abordagem propuseram aumentos de 2%.

Os sindicatos consideram a proposta “indecorosa” e mesmo perante um aumento de 3% que a CGD agora colocou em cima da mesa continuam a considerar insuficiente.

“Aos aumentos de 6% reivindicados pelo MAIS, SBN e SBC para 2024, a Caixa responde com 3%, refugiando-se no Despacho das Finanças que limita a 5% da massa salarial”, dizem os sindicatos em comunicado um dia depois do anúncio da CGD, reforçando que “rejeitam” a proposta.

Mais argumentam que "para a administração da CGD vale tudo para negar aos trabalhadores aumentos justos: das previsões de crescimento da Comissão Europeia (que falharam em 2023)
às recomendações do BCE (que quer baixar a inflação à custa dos salários), passando pela eventual descida das taxas de juro, ao ridículo crescimento do custo dos depósitos e à duvidosa redução das proveitosas comissões cobradas".

Para estas estruturas sindicais afetas à UGT a Caixa refugia-se no despacho do Ministério das Finanças para não ir além dos aumentos de 5% da massa salarial.

“A cereja no topo do bolo é o Despacho do Ministério das Finanças, que limita o aumento da massa salarial global no Setor Empresarial do Estado a 5% – que, recorde-se, o ano passado a Caixa não cumpriu, quando se tratou de proceder a um segundo aumento de 1%”.

Para os sindicatos, “a CGD apresentou aos Sindicatos uma proposta de aumento médio de 3% na tabela e nas cláusulas de expressão pecuniária – deixando inalterados os valores das diuturnidades, das ajudas de custo e do abono para falhas”, considerando “no conjunto da massa salarial as promoções e os prémios de 2023 e os previstos para 2024”.

O Mais Sindicato, o SBC e o SBN argumentam que após os lucros extraordinários da Caixa nos últimos anos, em particular no terceiro trimestre de 2023 (987 milhões de euros) é "da mais elementar justiça que os trabalhadores beneficiem da excelente situação do banco, para a qual muito contribuíram".

Também por isso, sublinham, “reivindicaram um aumento de 6% nas tabelas e em todas as cláusulas de expressão pecuniária – sem exceção”.

Daí que não possam, como dizem no comunicado desta quinta-feira, “deixar de repudiar veementemente a provocativa proposta da administração da CGD”.

Há nova reunião agendada com o STEC a 24 de janeiro

Recorde-se que o sindicato mais representativo da CGD, o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC), a 2 de janeiro pediu uma revisão salarial de 7% “acompanhada de justificação económica, com um valor mínimo de 125 euros”, uma proposta que, após contactados pelo Expresso, sublinham “ser justa e com um reduzido impacto na estrutura de custos da CGD, logo totalmente comportável pela empresa, que registou em 2023 os maiores lucros de sempre, só nos 3 primeiros trimestres de próximos de 1000 milhões de euros”.

Foi a esta proposta que a CGD respondeu com um aumento de 3%. Ao Expresso o STEC adianta que está agendada nova reunião negocial a 24 de janeiro e que “a resposta da Administração da CGD mais uma vez traduz um desencontro de posições”. Referindo ainda que o sindicato, “procurará, como sempre, chegar a um acordo justo que defenda os trabalhadores e reformados da CGD, pois é absolutamente decisivo e urgente repor poder de compra aos trabalhadores e reformados da CGD e reintroduzir na Empresa um clima saudável de trabalho e motivação”.