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Economia

Mário Centeno: do cartão amarelo de Bruxelas a presidente do Eurogrupo

Comissão Europeia insistiu em mais consolidação das contas públicas no Orçamento do Estado de 2016. Dois anos depois, Centeno liderava os ministros das Finanças do euro. Um artigo publicado no âmbito da série “50 anos Expresso”

Foi com muitas reservas que a Comissão Europeia recebeu os planos do primeiro Orçamento do Estado (OE) da ‘geringonça’. Em janeiro de 2016, conhecido apenas o esboço orçamental desenhado pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, e a sua equipa, Bruxelas enviou uma carta a Lisboa — assinada pelo vice-presidente, Valdis Dombrovskis, e pelo comissário, Pierre Moscovici — pedindo explicações sobre a pretensão portuguesa de fazer uma consolidação orçamental inferior ao que ditavam as regras europeias. Em causa estava o défice estrutural (ou seja, corrigido do ciclo económico e sem medidas extraordinárias) — um indicador que levanta dúvidas entre os economistas quanto à forma de cálculo, mas que está previsto nas regras europeias, atualmente em reformulação.

A Comissão Europeia acabou por dar luz verde ao esboço orçamental, mas alertando para a necessidade de medidas adicionais para reforçar o ajustamento das contas públicas. E o OE que acabou por ser apresentado por Centeno previa mesmo uma redução do défice — tanto total como estrutural — mais forte. E ainda mais forte do que os planos iniciais do Executivo. No programa de Governo que saiu das negociações com a ‘geringonça’, o défice (total) previsto para 2016 era de 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB), baixou para 2,6% no esboço orçamental, e ficou nos 2,2% no OE 2016. Fechadas as contas, o défice foi ainda mais baixo, de 1,9% do PIB. Um resultado onde pesou o sacrifício do investimento público, e uma execução orçamental sob controlo apertado das Finanças.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.