O sistema bancário em Portugal manteve no primeiro semestre a trajetória de crescimento da rendibilidade, continuando a não dar preocupações no capítulo do crédito malparado, apesar do aumento dos juros a pagar pelas famílias nomeadamente nos créditos à habitação, indica o mais recente relatório do Banco de Portugal sobre o sistema financeiro nacional.
"No primeiro semestre de 2023, a rendibilidade do sistema bancário manteve a trajetória de crescimento dos últimos dois anos, com a rendibilidade do capital próprio (ROE) a aumentar em termos homólogos 4,8 pontos percentuais, situando-se nos 13,7%", lê-se na análise do Banco de Portugal divulgada esta quinta-feira.
Esta evolução da rendibilidade no conjunto do sistema traduz o aumento da margem financeira (diferença entre os juros pagos nos depósitos e os juros cobrados no crédito), impulsionada pelo aumento dos juros por parte do BCE (Banco Central Europeu), apesar de os bancos estarem a conceder menos crédito.
É neste ambiente que o rácio de transformação (relação entre o crédito concedido e o total de depósitos no banco) do segundo trimestre do ano diminuiu 0,3 pontos percentuais em comparação com o primeiro trimestre, para 79,6%. Uma evolução que resulta de um “aumento dos depósitos de clientes (0,4%) e, em menor grau, do aumento dos empréstimos a clientes (0,1%)”.
O peso do financiamento dos bancos junto dos bancos centrais caiu 1,6 pontos percentuais, para 1,4% do ativo.
No segundo trimestre do ano o custo do risco de crédito aumentou 0,3 pontos percentuais (p.p.) face ao período homólogo, para 0,46%, refletindo o aumento de provisões e imparidades, informou ainda o Banco de Portugal.
No que diz respeito ao rácio cost-to-income (relação entre os custos e os proveitos) verificou-se uma diminuição de 12,8 pontos percentuais face ao período homólogo, situando-se em 38,8% no segundo trimestre, “essencialmente devido ao aumento expressivo do produto bancário”.
Já os custos operacionais, anota o Banco de Portugal, “registaram um aumento de 9,5% em termos homólogos, decorrente, sobretudo dos custos com o pessoal e de outros gastos gerais administrativos”.
E no que toca à qualidade dos ativos o rácio bruto de empréstimos não produtivos (NPL) no segundo trimestre manteve-se nos 3,1%, em resultado da diminuição dos NPL (-0,5%), e uma redução dos empréstimos produtivos (-0,2%). O rácio líquido de NPL caiu 0,1 pontos percentuais, para 1,3%.
E no quer diz respeito à solvabilidade no segundo trimestre "os rácios de fundos próprios totais e de fundos próprios principais
de nível 1 (CET 1) situaram-se em 19% e 16,4%, respetivamente", evidenciando aumentos de 0,6 p.p. e 0,8 p.p. face a março. O que traduz um quadro de “relativa estabilização do montante total das exposições em risco”, indica o BdP.