Foi em 2019, antes da pandemia e ainda com David Neeleman como acionista, que a TAP fez as últimas três emissões de obrigações: levantou no mercado €712,2 milhões. A expansão da frota estava em curso e a todo vapor, a transportadora precisava de financiamento, e avançou em força com a emissão de obrigações. Mas como estava com prejuízos superiores a €100 milhões era preciso oferecer uma remuneração elevada para atrair os investidores. E assim o fez.
Os números mostram que pagou um prémio generoso pelo financiamento. A TAP está no pelotão da frente no pagamento e retorno dos investidores de obrigações em Portugal, só ultrapassada pelas SAD do FC Porto e do Sporting. Tirando estas duas sociedades desportivas, a empresa que maior custo tem com o financiamento das obrigações no país é a TAP: 5,16%, só atrás da SAD do FC Porto (5,36%) e do Sporting (5,25%). As contas são de Nuno Esteves, analista financeiro independente, que tem analisado a companhia aérea nos últimos anos, e que fez uma comparação com as grandes empresas portuguesas com emissões de obrigações ativas como a EDP, a Galp, a Mota-Engil ou a Impresa (dona do Expresso e da SIC). “Este resultado evidencia a sucessão de prejuízos e a frágil situação financeira [da TAP] no período anterior à crise pandémica”, sublinha o analista.