O banco Goldman Sachs reviu em alta o preço-alvo das ações da EDP para os 5,65 euros por ação, face à anterior avaliação de 5,2 euros, prevendo que a energética portuguesa e a subsidiária EDP Renováveis beneficiem de programas de apoio estatal nos EUA e na Europa ao investimento em energias limpas.
A EDP cotava a meio da manhã de segunda-feira em queda de 0,31% nos 4,77 euros. A avaliação do Goldman Sachs confere à elétrica portuguesa um potencial de valorização de cerca de 18%, num horizonte de 12 meses.
De acordo com a nota de research dos analistas do banco de investimento norte-americano divulgada esta segunda-feira, 9 de janeiro, a lei de redução da inflação aprovada pelos Estados Unidos em 2022, que prevê apoios diretos a empresas de produção de energia renovável, “deverá atrair investimento em energia verde, redireccionando capital para fora da Europa”.
“O que, a par com a diferença substancial entre as contas da energia de uma região e de outra, poderá acelerar a desindustrialização da Europa”, alertam os analistas do Goldman Sachs. Pelo que preveem que esta ameaça “provoque uma resposta europeia e a implementação de uma lei de redução da inflação europeia”.
O investimento estatal nas duas regiões em energias renováveis poderá “mobilizar perto de 6 biliões de dólares em capital (…) nos próximos 10 anos, criando um cenário fértil para a EDP/EDPR”, defendem os analistas do Goldman Sachs.
Classificando a EDP como “uma ação-chave a ter em 2023”, o banco de investimento considera que "o mercado compara principalmente a avaliação da EDP" com a de congéneres “integradas verticalmente”, o que “ignora a fatia muito maior de lucros provenientes de fontes de energia renovável”.
A EDP tirará 60% dos seus lucros até 2025 de energias verdes, face a 35-40% previstos para as congéneres. O que se traduz “em perspetivas de crescimento mais sustentáveis e na ordem dos dois dígitos”.
A possibilidade de simplificar o portefólio, reduzindo o endividamento e libertando capital para investimentos na EDP Renováveis, é também aludida pelos analistas do Goldman Sachs, que abrem a possibilidade de alienação da operação de geração de energia no Brasil, considerada de “crescimento baixo”.
“Desinvestir estes ativos permitiria à EDP diminuir o endividamento, ao mesmo tempo que oferecendo opções para apoiar a aceleração atual do investimento na EDPR, onde vemos um aumento da margem para um aumento de capital no contexto de maiores ambições de crescimento”, analisam.
Estas circunstâncias são ainda ajudadas pelo mercado doméstico, segundo os analistas, já que “a ausência de tectos severos à geração de energia torna implícita uma tendência positiva para os lucros”.