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Turismo sofre vaga de cancelamentos na Serra da Estrela e pede plano para evitar "o abandono do destino a médio prazo"

Não há registo de hotéis ou outros ativos turísticos danificados pelo fogo. Operadores do sector apontam erros e querem um novo ciclo na gestão da Serra da Estrela, temendo o impacto da destruição de grande parte do parque natural

No hotel Vila Galé em Manteigas os cancelamentos associados ao incêndio atingiram 15 pontos percentuais
Tiago de Paula Carvalho

O grande incêndio na Serra da Estrela tem um sabor duplamente amargo para os hoteleiros da região, que sofrem uma vaga de cancelamentos num período de pico de férias e não têm perspetivas de como irá ficar o destino e os seus níveis de procura, mesmo com o fogo dominado,

"Temos tido impacto direto, em cancelamentos e adiamentos, nas duas últimas semanas. Sentiu-se logo que o fogo começou", afirma Luis Veiga, administrador executivo do grupo IMB Natura Hotels, o maior operador hoteleiro da região da Serra da Estrela.

Este efeito sente-se nos cinco hotéis do grupo, que totalizam mil camas (o H2otel, em Unhais da Serra; o Puralã e o Sport Hotel, na Covilhã; o Lusitânia e o Versatile, na Guarda). "Cerca de 15% das reservas foram canceladas, por pessoas que vinham visitar a serra e já não o fazem, outras com problemas de saúde ou respiratórios, ou por insegurança do destino", explicita o hoteleiro.

"Agora vai ser pior, teme-se a médio prazo o abandono do destino, as pessoas deixaram de olhar para a serra como local de férias", salienta.

O panorama é generalizado à oferta hoteleira na região, onde "muito alojamento local foi afetado". "Em zonas rurais ou de floresta, a envolvente ficou toda queimada e não é apetecível ir lá", nota Luis Veiga.