Economia

Augusto Santos Silva: "Podemos fazer da economia azul um dos grandes motores do nosso crescimento"

Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, defende que "a economia azul sustentável é uma das grandes avenidas para o desenvolvimento económico do presente e do nosso futuro"

Alberto Frias

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, defendeu esta terça-feira, na abertura da conferência "Sustainable Blue Economy", um evento paralelo no âmbito da Conferência dos Oceanos, que "podemos fazer da economia azul sustentável um dos grandes motores do nosso crescimento".

Sublinhando a "íntima conexão entre economia verde e azul", Augusto Santos Silva afirmou que "a economia azul sustentável é uma das grandes oportunidades de criação de riqueza do nosso presente".

Santos Silva referiu na conferência, no Centro de Congressos do Estoril, que "a economia azul sustentável é uma das grandes avenidas para o desenvolvimento económico do nosso presente e do nosso futuro".

"Há uma ligação íntima entre a economia verde e a economia azul. Não conseguimos tornar mais verde a nossa economia, acelerando a transição energética, se não prestarmos atenção aos oceanos, se não combatermos a sobreexploração dos recursos marinhos, se não tirarmos todo o partido do potencial dos oceanos como sumidouro de carbono para a descarbonização da economia", comentou o presidente da Assembleia da República.

Santos Silva defendeu a aposta na inovação e no investimento na economia azul, até para assegurar que "os 80% do comércio mundial que são feitos por via marítima não sejam uma ameaça à preservação da nossa espécie".

Na sua intervenção, Augusto Santos Silva lembrou o potencial de investimentos no mar, em projetos ligados à energia, alimentação, turismo e lazer e transportes. E defendeu a necessidade de avançar com "instrumentos legais de preservação do oceano", ao mesmo tempo que se atrai investimento privado. "A economia azul só será sustentável se for uma economia da inovação", frisou.

O envolvimento do setor privado nos oceanos foi igualmente referido pelo sub-secretário geral da ONU para os assuntos económicos e sociais, Liu Zhenmin, que começou por notar que "todos os anos 11 milhões de toneladas de plástico acabam nos oceanos" e que atualmente "57 milhões de empregos nas pescas estão em risco".

"O setor privado desempenha um papel central", admitiu Liu Zhenmin, notando que "o valor de mercado dos recursos marinhos e costeiros é estimado em 3 triliões de dólares por ano", e que "rápidas mudanças e progressos só podem acontecer com diferentes atores, partilhando o seu conhecimento e experiência".

Antes do sub-secretário-geral das Nações Unidas, o presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras, apelou a uma "exploração benigna dos oceanos", lembrando que "Cascais [onde decorre a conferência] tem a ambição de ser um território laboratório para a conservação e proteção dos oceanos".