Pedir à casa alheia o que não se faz em casa própria. É essa a acusação que tem sido feita a António Costa face ao objetivo - inscrito no programa do Governo e reafirmado pelo primeiro-ministro no ultimo fim de semana - de aumentar em 20% a remuneração média em Portugal, visando reforçar a fatia dos salários no PIB, para alinhar o país com a média europeia. Ao mesmo tempo que vinca esta meta, o Governo recusa ir mais longe nos aumentos salariais da função pública, que este ano ficaram pelos 0,9%, apesar da escalada dos preços, apontam economistas, falando em contradição. E o histórico desde 2016 - primeiro ano do Governo PS de António Costa, então apoiado na geringonça - até 2022, mostra que a evolução da remuneração base média mensal na Administração Pública (AP) ficou muito longe desse número em termos nominais, conclui a análise do Expresso. Mais ainda, em termos reais - ou seja, considerando o impacto da inflação - o salário médio este ano praticamente não cresce face a 2016. E pode mesmo recuar caso se confirmem as projeções mais adversas para a inflação. No sector privado, os dados disponíveis vão apenas até 2020 e, desde 2016, mostram um crescimento da remuneração média mais expressivo do que na função pública.
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Aumentar salário médio em 20%? Histórico da função pública com Costa ficou muito longe (e é pior do que no sector privado)
Desde 2016, a remuneração base média mensal na Administração Pública aumentou 9,3% em termos nominais, mas apenas 1,4% em termos reais. E, pode mesmo cair caso se confirmem as projeções mais adversas para a inflação este ano