Com a retoma a galope, o caos tem tomado conta do sector da aviação, as companhias despediram em massa por causa da covid e agora não conseguem recrutar. As longas filas nos aeroportos têm sido notícia por todo mundo, mais de 500 voos foram cancelados de e para o Reino Unido no passado fim de semana, e a presidente da TAP, embora não contabilize, reconheceu que nos últimos meses houve voos cancelados por falta de tripulantes e devido a questões técnicas. Se o problema é transversal, agrava-se em Portugal, nomeadamente em Lisboa, onde à sobrelotação de um aeroporto, sem terreno para crescer, se somam a limitação do espaço aéreo e do sistema de tráfego aéreo, escassez de inspetores no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), problemas de falta de tripulação na TAP e o travão nos investimentos da ANA. Houve falta de estratégia e ação durante os dois anos da pandemia e agora está criada uma espécie de tempestade perfeita que ameaça desestabilizar o pico do verão no Aeroporto Humberto Delgado (AHD).
Os riscos espalham-se por várias frentes. As filas de passageiros que vêm de países que não Schengen chegaram a ultrapassar as três horas em maio. A situação melhorou esta semana com o plano de contingência do SEF (o tempo de espera médio foi reduzido para 90 minutos e prevê-se uma maior redução até 4 de julho), mas a situação não está resolvida. Se tem havido responsabilidade do SEF e do Ministério da Administração Interna no prolongamento das filas, contribuindo para a má imagem do AHD (considerado o pior do mundo pela AirHelp na semana passada), este é apenas um dos problemas a enfrentar. Outro é o da gestão do espaço aéreo, limitado naturalmente pelas bases militares à volta da capital e por um sistema de navegação desatualizado, que reduz o número de movimentos no AHD a 38/40 por hora. O novo sistema de gestão de tráfego aéreo começará a ser instalado pela NAV em outubro, e o impacto negativo na operação vai sentir-se durante seis semanas, em valores que rondarão os 30%, o que penalizará os últimos meses do ano.
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