O banco Eurobic conseguiu fechar o ano passado com um lucro de 7,5 milhões de euros, que compara com os prejuízos de 5 milhões de euros no ano anterior, marcado pelo Luanda Leaks – que paralisou a participação acionista maioritária na posse de Isabel dos Santos.
O lucro subiu apesar de a margem financeira, indicador a que se chega com a diferença entre os juros cobrados em créditos e juros pagos em depósitos, ter deslizado 10%, segundo o comunicado enviado às redações esta sexta-feira, 3 de junho.
Nesta rubrica, uma das mais importantes e que representa o coração do negócio bancário, o banco atingiu 106 milhões de euros. Com a ajuda de outras rubricas de proveitos, como comissões, o produto bancário chegou aos 138 milhões, também ele 11% abaixo do obtido em 2020.
No comunicado de resultados, não há indicações sobre os custos operacionais, nem sobre imparidades e provisões que permitam perceber qual a razão da evolução dos resultados.
A inversão de perdas para lucros aconteceu no terceiro trimestre co ano passado e, na altura, o banco liderado por José Azevedo Pereira explicou que a justificação era pela “abordagem à gestão de risco” – tinha havido perdas devido à covid em 2020, o que teria permitido uma reversão no ano seguinte.
O Eurobic contava com 1465 trabalhadores em 182 agências no fim de 2021.
A nível operacional, o Eurobic registou um aumento de 5,9% no volume de negócios, totalizando os 11,9 mil milhões de euros.
“Esta evolução positiva no volume de negócios foi sustentada pelo crescimento no crédito a clientes, que atingiu os 5569 milhões de euros e nos recursos de clientes que alcançaram um valor de 6097 milhões de euros”, indica o comunicado.
O crédito bruto subiu 4,6%, os recursos ascenderam 7,6%, em termos homólogos. O crédito malparado pesou 4,4% na carteira total, menos que os 5,2% no fim de 2020.
Os rácios de capital deslizaram ligeiramente no ano passado. “No final de 2021, o Eurobic apresentou uma adequada capitalização e fortes níveis de liquidez decorrentes de um rácio de Common Equity Tier 1 de 14,14% % (constituído a 100% por capitais próprios), um rácio de liquidez de 192% (219% considerando a pool de ativos elegíveis para desconto), e indicadores de qualidade de ativo e de cobertura por imparidade que colocam o EuroBic em linha com os níveis médios de qualidade de balanço do setor bancário português, ultrapassando os requisitos regulamentares”, defende o banco detido em 42,5% por Isabel dos Santos e 37,5% por Fernando Teles.
No comunicado, não há qualquer referência à operação de venda, que continua a aguardar a autorização das autoridades judiciais angolanas, por conta do arresto decretado à empresária angolana.
O Abanca é o comprador, mas fonte do banco já deu conta que tudo está a demorar muito tempo e que a transação corre o risco de falhar, como a primeira tentativa de aquisição, em 2020.