Foram duas ausências notadas de imediato pelos sindicatos da Administração Pública na proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) apresentada esta quarta-feira pelo ministro das Finanças, Fernando Medina: não há qualquer referência ao reivindicado aumento salarial intercalar para responder à escalada dos preços no país e, também não há indicação sobre se o Governo vai continuar a aplicar a regra da última legislatura de usar como referência para a atualização salarial dos trabalhadores do Estado a taxa de inflação registada no ano anterior.
Esta é uma questão-chave, dado que essa regra ditou aumentos de 0,9% em 2022, quando este ano o próprio Executivo espera uma inflação média anual de 3,7%, medida pelo índice de preços no consumidor (IPC), que, à luz desta regra, deveria ser compensada em 2023.
Na entrevista desta quarta-feira à RTP Medina não assume o compromisso e, questionados pelo Expresso sobre o tema, Ministério das Finanças e Ministério da Presidência (que agora tutela a Administração Pública) não respondem. Os sindicatos da Administração Pública acusam Governo de "desonestidade" se a regra não for cumprida e dizem que o Executivo estaria a "comprar um conflito social".