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Economia

Salários da função pública perdem até 12,9% do poder de compra desde 2010

Aumento de 2022 é o segundo em 13 anos. Escalada da inflação em 2022 agrava deterioração salarial dos trabalhadores do Estado. Vencimentos mais baixos também perdem com congelamento, apesar da subida do salário mínimo

O chumbo da proposta inicial do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022), em outubro do ano passado, não travou os aumentos previstos para a Função Pública para este ano. Em janeiro, os funcionários do Estado viram a sua remuneração base aumentar 0,9%, em linha com a inflação que o Governo tinha previsto para 2021, seguindo a regra definida na anterior legislatura. Além disso, os salário mais baixos subiram mais acompanhando o aumento do salário mínimo nacional para os 705 euros brutos mensais. Porém, este valor fica longe de compensar a perda de poder de compra acumulada em mais de uma década de congelamento da tabela remuneratória da função pública.

Mais ainda, a inflação em 2021 acabou por superar a estimativa do Governo atingindo 1,3% e este ano a escalada dos preços que já se sente deverá atingir os 3,7%, em termos de média anual, segundo a projeção do Executivo de António Costa na proposta de OE 2022 entregue esta quarta-feira. Um valor muito acima dos 0,9% que o Governo antecipava em outubro. Tudo somado, os cálculos do Expresso indicam que os funcionários públicos vão chegar a 2022 com perdas salariais, em termos reais, que atingem os 12,9%. E mesmo os salários mais baixos, que têm beneficiado da subida do salário mínimo nos últimos anos ou de atualizações específicas, perdem poder de compra.