O barril de Brent, negociado em Londres e referência para a Europa, está esta terça-feira a dar sinais de alívio depois de a Rússia ter anunciado que iria “reduzir radicalmente” a atividade militar na capital Kiev e na cidade ucraniana de Chernihiv.
O anúncio do recuo foi avançado pelo vice-ministro da Defesa da Rússia. Segundo Alexander Fomin, o objetivo é "aumentar a confiança mútua e criar as condições certas para futuras negociações e alcançar o objetivo final de assinar um acordo de paz com a Ucrânia".
“Este anúncio tem alguma importância, nem que seja para negociação de curto prazo”, afirma Steven Santos, gestor no banco BiG. O Brent descia 3,20% para os 105,80 dólares por barril pelas 14h50 desta terça-feira. Já não tocava esta fasquia desde o dia 18 de março.
“O petróleo Brent poderá continuar pressionado por mais uns dias, e continua em níveis bastante altos, mas não ficaria surpreendido com a continuação das quedas”, continua o mesmo gestor, que vê “uma boa probabilidade” de esta tendência descendente se confirmar. O próximo nível a ser revisitado serão os 100 dólares, preços que não são atingidos desde 17 de março, assinala.
Outro sinal de que “o mercado acionista está a dar crédito às notícias que vêm da Rússia e a abrir o apetite ao risco” é que “o mercado norte-americano abriu com “bastante força”. Empresas tecnológicas, por exemplo, estão em alta. O único setor a negativo é o da energia.
Já o analista da XTB Henrique Tomé, apesar de concordar que "no curto prazo, de facto, existe a possibilidade de assistirmos a uma correção em baixa dos preços do petróleo", considera que "o fator que continua a contribuir para o aumento dos preços da matéria-prima mantém-se inalterado".
É que a "OPEP [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] continua a querer manter as políticas de produção inalteradas e, enquanto essas medidas permanecerem assim, a oferta de petróleo continuará baixa e existirá o desequilíbrio no lado da oferta", refere.
Também esta terça-feira, dois membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os respetivos aliados (OPEP+), a Árabia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, manifestaram-se contra a expulsão da Rússia da aliança, reduzindo desta forma a pressão sobre os preços da matéria-prima.
Além destes fatores de alívio, esta segunda-feira verificaram-se "fortes quedas" nos preços do petróleo, depois de a cidade de Xangai, na China, ter decretado novas medidas de confinamento, relembra Henrique Tomé. Espera-se que as medidas mais restritivas em torno de várias regiões na China provoquem uma diminuição na procura pelo petróleo.
(Notícia atualizada às 15h36 com mais informação)