Na liderança do grupo Pinto Basto desde 1990, Bruno Bobone vai passar agora a ser presidente do conselho de administração (chairman), e assumir funções mais de estratégia, deixando a presidência executiva para o gestor Frederico Goarmon.
A mudança coincide também com a saída de Bruno Bobone da presidência da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, que lidera há 18 anos, e que conseguiu fazer crescer de 300 para 1200 sócios, dando uma voz ativa na comunidade empresarial. "Nunca estivemos tão ativos na Câmara de Comércio. A pandemia já foi ultrapassada e acabou por não ter um impacto tão negativo quanto se temeu, a economia não colapsou. E metemos as pessoas à frente da economia, o que foi muito interessante assitir ", sublinhou.
Sobre o novo Governo, Bruno Bobone aguarda com expectativa a prestação do novo ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, reconhece-lhe mérito académico e pensamento estratégico, mas diz que é ainda uma incógnita saber se tem capacidade de decisão política e que peso terá o seu pendor macroeconómico.
Bobone lamenta a saída de Pedro Siza Vieira, que diz ter tido uma boa relação com a indústria e os empresários. Diz não entender a opção de António Costa em manter as ministras da Agricultura e da Saúde, a primeira porque não tem tido políticas muito populares junto dos agricultores, e a segunda porque está desgastada e a terminar o mandato com os portugueses a pedir mais dinheiro para a saúde.
A sucessão
Frederico Goarmon está no grupo Pinto Basto há 15 anos, dedicando-se sobretudo à área logística, a que somará agora responsabilidades no ramo da navegação, o outro segmento de negócios do grupo, que cumpriu no ano passado 250 anos de história.
Bruno Bobone assegura, em declarações ao Expresso, que vai ser um presidente do conselho de administração ativo. "Não vou ser um daqueles presidentes que só aparecem uma vez por mês", avisa.
Depois da crise que enfrentou em 2014, devido ao colapso da economia angolana, o grupo Pinto Basto está de novo, desde há quatro anos, numa trajetória de crescimento, afirma Bruno Bobone.
Hoje o grupo está focado na logística e navegação. Está em Portugal, Angola, Espanha, e de forma menos expressiva em Moçambique.
Em Espanha está em Madrid e Sevilha. "A Pinto Basto tem de ser um projeto ibérico. É esse o caminho. A nossa ambição é ser o maior operador ibérico na área da logística. Vamos fazer o nosso caminho. Como temos 250 anos temos muito tempo pela frente", disse há dois anos em entrevista ao Expresso.
Quanto à Câmara de Comércio, se a lista de Rui Miguel Nabeiro ganhar - para já é a única a concorrer - Bruno Bobone vai ficar na instituição como presidente da mesa da assembleia geral.