Os juros das obrigações russas estão em queda em todos os prazos esta segunda-feira em Moscovo, descendo dos máximos atingidos a 4 de março, na última sessão antes do encerramento total do mercado secundário de dívida pública.
Por ordem do Banco da Rússia, o banco central, o mercado da dívida reabriu esta segunda-feira para as obrigações, mas "para evitar volatilidade excessiva e garantir uma posição de liquidez equilibrada neste segmento na fase de reabertura, o Banco da Rússia comprará títulos do governo federal", indicou o banco central russo.
No entanto, o mercado de ações continua encerrado desde 28 de fevereiro. O banco central prevê o retomar "gradual" da negociação nos vários sectores do mercado.
Fruto da intervenção na aquisição de títulos, as taxas da dívida desceram dos máximos acima de 20% atingidos a 4 de março nos prazos de 12 meses a 7 anos e caíram de juros próximos de 20% nas maturidades mais longas, de 10 a 20 anos.
A taxa mais alta foi atingida na dívida a 12 meses com um máximo de 24,54% a 4 de março. Na reabertura desta segunda-feira desceu a pique para 16,9%. No juro de referência, a 10 anos, a queda foi de 19,9%, a 4 de março, para 12,2% na reabertura desta segunda-feira.
Apesar das reduções nos juros, o perfil da curva continua invertido, com taxas mais altas nos 12 meses a 7 anos em relação às taxas de longo prazo, de 10 a 20 anos. O que significa que os investidores continuam a prever uma situação mais crítica da economias russa no curto e médio prazo, fruto da guerra na Ucrânia, do que no longo prazo.
O banco central garantiu que as compras de títulos "serão feitas nos montantes necessários para evitar riscos à estabilidade financeira", mas. após a estabilização da situação nos mercados financeiros, pretende "vender a totalidade da carteira destes títulos de forma a neutralizar o impacto desta operação na política monetária".
De acordo com os últimos dados disponíveis fornecidos pelo banco central, a Rússia tinha uma dívida pública em final de 2021 perto de 300 mil milhões de dólares, em 80% dívida interna em rublos. A dívida pública externa somava 62 mil milhões de dólares, em que um terço estava denominado em dólares. Recorde-se que o Tesouro russo escapou na semana passada a um incumprimento ao pagar os juros devidos de duas linhas de obrigações denominadas em dólares.
Bolsa de Moscovo em quebra de capitalização já antes da invasão
Recorde-se que o mercado de ações sofreu um colapso a 24 de fevereiro, no dia da invasão da Ucrânia, com os índices bolsistas a registarem quebras superiores a 30%. Esta bolsa está encerrada há 16 sessões consecutivas, um recorde face às quatro sessões em que esteve fechada em outubro de 1998 durante a grave crise financeira (que incluiu um default na dívida e uma posterior reestruturação)
A bolsa de Moscovo viu cair a sua capitalização de um pico em outubro do ano passado de mais de 930 mil milhões de dólares para 773 mil milhões no final de janeiro, uma quebra acumulada de 17%, segundo dados da World Federation of Exchanges (WFE). Uma perda de quase 160 mil milhões de dólares, muito antes da crise gerada pela invasão da Ucrània. Em janeiro perdeu 8% em relação a dezembro e ainda não estão disponíveis dados para final de fevereiro por parte da WFE. A quebra dos índices de referência da bolsa foi de 30% em fevereiro.
A dimensão da bolsa de Moscovo representa apenas 2,8% da capitalização bolsista da região onde se integra, a região da Europa, Médio Oriente e África (EMEA), com uma capitalização similar à BME espanhola e muito inferior à de outros mercados emergentes como o Irão (1,2 biliões de dólares) e Arábia Saudita (2,8 biliões de dólares).