Economia

Alexandre Fonseca deixa liderança da Altice Portugal e é substituído por Ana Figueiredo

Dona da Meo passará a ser liderada por uma mulher. Ana Figueiredo ocupará o lugar deixado vago com a saída de Alexandre Fonseca para um cargo na administração da Altice Europe. Fonseca mantém-se, no entanto, como chairman na Altice Portugal. Tomam posse a 2 de abril

D.R.

O presidente executivo (CEO) da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, vai deixar o cargo, para assumir funções na Altice Europe, anunciou esta sexta-feira o grupo de telecomunicações. A liderança excutiva da Altice Portugal passará a ser assumida por uma gestora: Ana Figueiredo, que já exercia funções no grupo. Em Portugal Alexandre Fonseca passará a ser presidente do conselho de administração da Altice Portugal.

Numa comunicação aos trabalhadores a que o Expresso teve acesso, a empresa informa que Alexandre Fonseca sairá da Altice Portugal "para ocupar um novo cargo na estrutura do grupo, onde coordenar as operações dos diferentes países, assumindo as funções de co-CEO e responsável pelas operações do grupo, nomeadamente na Altice Europe".

"Esta nova estrutura de gestão, contará, para além de Alexandre Fonseca, com Malo Corbin como Co-CEO responsável pelas finanças e M&A [fusões e aquisições] e ainda com David Drahi como Co-CEO e responsável pelo desenvolvimento e tecnologia", refere a Altice.

Alexandre Fonseca anunciou ainda que irá ser substituído nas suas atuais funções de CEO da operação da Altice Portugal por Ana Figueiredo, quadro superior da Altice e que, até ao momento, exercia as funções de CEO na Altice Dominicana (operações da Altice na Republica Dominicana).

Ana Figueiredo é licenciada em Administração e Gestão de Empresas pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e tem um MBA pela Universidade Católica e Nova Business School (Lisbon MBA) e é quadro do grupo Altice e da ex-Portugal Telecom há mais de 18 anos.

A nova presidente executiva da Altice Portugal foi diretora de auditoria interna da antiga PT, quando Zeinal Bava era presidente da companhia.

A Altice salienta "a confiança" na operação portuguesa, reiterada com esta mudança, que puxa Alexandre Fonseca para a estrutura do Grupo, mas o mantém como chairman na Altice. Fonseca assumiu a liderança executiva da Altice em novembro de 2017.

Manter o legado e olhar para os próximos 20 anos

A nova presidente da Altice Portugal afirma, citada pela Lusa, que "o principal desafio é continuar o legado", "Ou seja, herdo obviamente toda uma história de várias gerações que construíram não somente aqui toda a atividade em Portugal" como também pelo que "foi construído pelo Alexandre [Fonseca]", nos quatro anos e meio em que "liderou esta organização", acrescentou a gestora, em conferência de imprensa.

A Altice, referiu Ana Figueiredo, continua a ser "uma organização pioneira no setor das telecomunicações em Portugal além-fronteiras, eu trabalhei quatro anos na República Dominicana e [foi] a engenharia portuguesa que suportou as operações daquele país durante o período de pandemia".

Já Alexandre Fonseca, explicou que as novas funções, "a decisão dos nossos fundadores e acionistas (a Altice) é que há uma estrutura de gestão ligeira, que vai três pessoas apenas, e que tem responsabilidades equivalentes do ponto de vista daquilo que serão as diferentes áreas de atividade". O gestor português fica com as áreas de operações que incluem as comerciais, serviços com os clientes, operações e engenharia e também as áreas jurídicas e regulação.

"E os três iremos liderar, nas palavras de Patrick Drahi, uma nova geração de gestores que irá liderar os próximos 20 anos daquilo que é o grupo Altice", acrescentou, de acordo com a Lusa, o ainda presidente executivo da dona da Meo.

Sobre as mudanças, a Comissão de Trabalhadores (CT) diz que: "Mais importante do que a pessoa é a politica de gestão".

Francisco Gonçalves, membro do secretariado
da CT, defende que "os gestores são "meros instrumentos e simples executantes" das decisões dos acionistas". "Nesta casa, como temos assistido, só tem tido o objetivo de transferir valor para os bolsos do donos à custa da desnatação dos ativos da empresa e redução de custos com o pessoal", lamenta.

"É urgente pacificar as relações institucionais com os Reguladores, a ANACOM e a Autoridade da Concorrencia, assim como as relações laborais na sequencia do despedimento coletivo de 2021", alerta a CT. Francisco Gonçalves espera, disse ao Expresso, que a nova presidente não siga o exemplo da anterior liderança na relação com os reguladores, e ao despedimento coletivo.


A "primeira prova de fogo", salienta, será as alterações que a Altice pretende fazer a partir de 2023 nos Planos de Saúde dos Trabalhadores, que tem estado a planear alterar contra a vontade da CT.

Atualizado às 15:56 com declarações Ana Figueiredo e Alexandre Fonseca