Economia

Rússia garante que pagou tudo aos credores esta quarta-feira

O ministro das Finanças russo disse esta quinta-feira ao canal Russia Today que deu ordem de pagamento dos 117 milhões de dólares de juros através do banco norte-americano Citi em Londres. Um porta-voz do Tesouro norte-americano disse à CNN que a operação não seria bloqueada

O Tesouro russo deu ordem de pagamento dos juros num montante de 117 milhões de dólares (€105 mil milhões) que eram devidos na quarta-feira em relação a dois cupões de obrigações emitidas em dólares, garantiu, esta quinta-feira, ao canal Russia Today (RT), o ministro das Finanças Anton Siluanov. A ordem foi dada através da sucursal em Londres do banco norte-americano Citi com o qual o Tesouro russo opera habitualmente. Um porta-voz do Tesouro norte-americano disse esta quinta-feira à CNN que os Estados Unidos permitirão que o reembolso seja efetivado.

Entretanto, a Bloomberg informou que o banco norte-americano JPMorgan processou o pagamento e enviou o dinheiro ao Citi, que se encarrega de o creditar nas contas dos investidores. A Reuters, citando fontes de mercado, confirmou que houve investidores que receberam os juros em dólares.

Siluanov disse ao Russia Today que “a possibilidade ou impossibilidade de cumprir com as nossas obrigações em divisas estrangeiras não depende de nós”. “Temos o dinheiro, fizemos o pagamento, agora a bola está do lado da América”, acrescentou. O ministro ameaçou que, caso os reembolsos aos credores externos fossem bloqueados, faria o pagamento em rublos, o que, segundo a agência de notação Fitch, corresponderia a um incumprimento de uma dívida que foi emitida em dólares, e que tem de ser paga nessa divisa.

Em quaisquer circunstâncias, o Tesouro russo dispunha de trinta dias de carência, até 15 de abril, para a situação se clarificar, antes que formalmente se possa considerar que ocorreu um “evento de incumprimento” seletivo (em relação às duas linhas de obrigações).

O pagamento devido na quarta-feira respeitante a duas linhas de obrigações emitidas em dólares com vencimento em 2030 e 2041 faz parte do calendário de pagamentos de juros e amortizações que o Tesouro russo terá de fazer este ano no que respeita à sua dívida externa.

Segundo o ministério das Finanças russo, o plano de amortizações de obrigações de dívida externa em 2022 soma 2,53 mil milhões de dólares (€2,3 mil milhões). Os encargos, incluindo juros dos cupões e amortizações, totalizam 5,6 mil milhões de dólares (€5 mil milhões) entre março e dezembro (1,9 mil milhões de dólares em amortizações e 3,7 mil milhões em juros), de acordo com os dados do Banco da Rússia, o banco central. O mês mais sobrecarregado é abril (562 milhões de dólares em amortizações e 543 milhões em juros). Em 2023, o Tesouro russo terá de amortizar 3,35 mil milhões de dólares.

Dívida pública russa é inferior à portuguesa

Ainda segundo o ministério das Finanças russo, a dívida pública externa somava, em fevereiro, 59,5 mil milhões de dólares (€52,45 mil milhões ao câmbio médio do mês), envolvendo 39 mil milhões de dólares (€34 mil milhões) em obrigações. Mais de 60% da dívida externa está emitida em rublos (uma moeda fortemente desvalorizada, considerada 'lixo monetário') e só 40% em divisas estrangeiras.

A dívida externa do Tesouro é muito mais pequena do que a dívida pública interna. Esta última, denominada totalmente em rublos, somava, em fevereiro, 16,61 biliões de rublos, equivalendo a 158,16 mil milhões de dólares (€141,1 mil milhões), convertendo os rublos ao câmbio do final do mês. No total, a dívida pública russa. interna e externa, totalizava, em fevereiro, um pouco mais de 217 mil milhões de dólares (€193 mil milhões), muito inferior à portuguesa que, em janeiro, somava 272,4 mil milhões de euros.

Notícia atualizada às 20 horas