Economia

BCP cumpre novos rácios de capital fixados pelo BCE, mas com menor folga

O banco presidido por Miguel Maya comunicou ao mercado os novos requisitos que terá de cumprir em matéria de rácios de capital. E garante que o fará “confortavelmente”

Miguel Maya, presidente executivo do BCP. Foto: Ana Baião

O Banco Comercial Português (BCP) diz cumprir “confortavelmente” os novos rácios de capital que foram estipulados pelo Banco Central Europeu (BCE) para vigorar a partir de 1 de março, como requisitos mínimos prudenciais. A garantia foi dada pelo banco em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

De acordo com o BCP, o novo rácio CET1 (de “Common Equity Tier 1”, rácio de fundos próprios principais de nível 1, o indicador mais exigente) foi fixado em 9,41%, sendo que em setembro de 2021 (o banco ainda não publicou as contas do ano completo) a instituição financeira portuguesa tinha um rácio CET1 de 11,8%. No rácio Tier 1, o novo requisito é de 11,38% e o BCP garantia 13% em setembro.

No final de 2020, numa comunicação similar, onde também assegurava ao mercado garantir “confortavelmente” os requisitos do BCE, o BCP reportava um rácio CET1 de 12,4% para um requisito mínimo de 9,27%, enquanto o rácio Tier 1 ascendia a 13,5%, para um mínimo estipulado pelo BCE de 11,19%.

Na prática, a margem de conforto do banco português estreitou-se, perante uma maior exigência do BCE. Ao nível do CET1, se no final de 2020 o BCP cumpria com uma folga de 3,13 pontos percentuais, agora, passado pouco mais de um ano, o banco liderado por Miguel Maya apresenta uma folga de 2,39 pontos.

O BCP é um dos bancos portugueses com menores perspectivas de capitalização, já que um dos seus grandes acionistas, a Fosun, a injetar capital, precisaria de luz verde do BCE (pois tem hoje quase 30%, e, arriscava-se a superar os 33% e ter de lançar uma oferta pública de aquisição). Outro acionista de referência é a Sonangol, que já admitiu vir a desfazer-se da sua posição.

O BCP apresentará os seus resultados de 2021 a 28 de fevereiro, sendo já sabido que irá incorporar um contributo negativo da Polónia, pois o Bank Millennium fechou 2021 com um prejuízo equivalente a 292 milhões de euros.