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Economia

A farmácia que funcionou como escola do euro há 20 anos

O Expresso visitou uma pastelaria, uma farmácia, uma padaria e uma papelaria no bairro de Benfica, em Lisboa, à procura de memórias sobre o escudo. Duas décadas após a entrada do euro nas nossas vidas, já custa fazer contas em escudos. Quanto custava um jornal, um bolo Rei, ou mesmo um antigripal e uma carcaça?
Paulo Santos e Clara Infante, da Farmácia Marques, em Benfica, Lisboa
NUNO BOTELHO

A farmácia Marques, no bairro lisboeta de Benfica, fundada em 1898, funcionou há 20 anos como ajuda para os clientes mais velhos para os quais a transição entre o escudo e o euro foi um quebra-cabeças.

"Muitas pessoas não conseguiam fazer a equivalência e os nossos clientes mais velhos saíam do banco e vinham até aqui contar o dinheiro e saber quanto valia em escudos", lembra Clara Infante.

Os esclarecimentos que a farmacêutica adjunta dava levaram a que entre os seus colegas a Farmácia Marques ficasse conhecida como a "Escolinha do Euro". "Tinha uma tabela de conversão só para explicar os valores", diz Clara Infante. Para se saber o valor em escudos era só multiplicar o montante em euros por 200,482 escudos, uma conversão anunciada dois anos antes da entrada em vigor do euro.

Quando entravam na farmácia e as notas de euros saíam da carteira, "era mais um aluno da Clara", diz Paulo Sousa, também farmacêutico. " A ideia era que o preço das coisas tinha subido. Os arredondamentos foram feitos para cima e não para baixo", sublinha, e "algumas das vendas livres triplicaram", acrescenta Clara Infante.